Portos de Pesca
Vão abaixo mencionados os portos de pesca deste arquipélago, que são os principais e nos quais se exerce a fiscalização alfandegaria e se faz a cobrança do imposto, que recai sobre o peixe que neles dá entrada. Há outros pequenos portos, onde também se exerce essa industria, mas em proporções muito limitadas e por vezes com carácter transitório.
Como atrás ficou dito, é relativamente importante a indústria da pesca neste arquipélago, pois que nela se ocupam, como profissão única, cerca de dois mil indivíduos, além dos que a ela se entregam apenas transitoriamente e em determinadas épocas do ano. Vivem, pois, exclusivamente dependentes dela alguns milhares de pessoas, sendo para lamentar que não exista uma organização de ordem industrial e comercial, que proteja eficazmente os operários dessa utilíssima industria e os ponha ao abrigo da desenfreada ganância de vis e desumanos especuladores. Também é bastante para sentir que se não tenha criado um organismo de feição mutualista, destinado a acudir à doença, a inabilidade e invalidez dos pobres e desprotegidos pescadores.
Na apreciada obra Estatística das Pescas Marítimas no Continente e Ilhas Adjacentes no ano de 1931 encontram-se alguns interessantes dados respeitantes ao nosso arquipélago, que queremos deixar arquivados e que constam do mapa seguinte:
Ano | Embarcações De motor mecânico | De vela ou remos | Tonelag. das embarcações De motor mecânico | De vela ou remos |
---|---|---|---|---|
1931 | 1141 | |||
1930 | 1024 | |||
1929 | 1130 | |||
1928 | 1096 | |||
1927 | 1002 | |||
21 | 24 | 508 | 519 | |
231 | 205 | |||
490 | 481 | |||
446 | ||||
7 | ||||
10 | 26 | 1452 | 1390 | |
1340 | 1725 | |||
1401 | 12 | |||
26 |
Útil e interessante seria apresentar uma nota circunstanciada de carácter estatístico relativamente à época que vai decorrendo e de modo particular referente a cada porto de pesca, mas não sabemos se a tal respeito existem dados seguros, sendo no entretanto proveitosas as informações que aqui deixamos consignadas acerca de anos anteriores.
Nos 15 portos de pesca de todo o arquipélago, em que se exerce a fiscalização da Alfandega, o peso e o valor do peixe desembarcado no ano de 1941 foram os seguintes, conforme os dados oficiais que nos foram obsequiosamente fornecidos:
Localidade | Quilos | Escudos |
---|---|---|
Funchal | 1 060 258 | 1 106 871 |
Ponta da Cruz | 230 214 | |
Câmara de Lobos | 512 491 | 769 674 |
Ribeira Brava | 46 860 | 52 597 |
Ponta do Sol | 46 451 | 63 610 |
Calheta | 78 315 | 93 392 |
Paul do Mar | 92 026 | 106 756 |
Porto Moniz | 155 358 | 144 030 |
S. Vicente | 15 000 | 19 234 |
Ponta Delgada | 14 244 | 16 432 |
Porto da Cruz | 20 938 | 12 515 |
Machico | 185 381 | 220 871 |
Santa Cruz | 56 803 | 67 336 |
Reis Magos | 18 976 | 23 085 |
Porto Santo | 30 872 | 23 798 |
Neste ano foi iniciada a pesca do cachalote que anteriormente não existia, dizendo-se na nota referida que «a especie de cetaceos-baleias» rendeu 125 312 kilos e 110.827 escudos no Porto do Porto do Moniz e 2.386 kilos e 10 000 escudos no porto da freguesia do Porto da Cruz. Nos números respeitantes ao Porto do Moniz, estão incluídos 19 kilos de «ambar» no valor de 47.735$00.
Relativamente ao ano de 1942:
Localidade | Quilos | Escudos |
---|---|---|
Funchal | 977 902 | 1 411 660 |
Ponta da Cruz | 2 210 | 2 002 |
Camara de Lôbos | 606 199 | 1 200 961 |
Ribeira Brava | 52 978 | 75 241 |
Ponta do Sol | 65 723 | 108 524 |
Calheta | 73 096 | 116 065 |
Paul do Mar | 74 645 | 110 063 |
Porto Moniz | 174 849 | 143 350 |
São Vicente | 6 286 | 14 096 |
Ponta Delgada | 2 196 | 4 012 |
Porto da Cruz | 6 499 | 8 836 |
Machico | 148 451 | 210 723 |
Santa Cruz | 60 179 | 87 260 Reis Magos | 121 280 | 93 115 Porto Santo | 40 615 | 28 519
Deve notar-se que, nos números referentes aos portos do Porto Moniz e dos Reis Magos, estão respectivamente incluídos 72 e 31 cacholotes, além de um no Porto da Cruz, sendo já considerável a pesca de cetáceos que se vai realizando nos mares deste arquipélago.
Eis o que se encontra registado relativamente ao ano de 1943:
Local | Quilos | Escudos |
---|---|---|
Funchal | 686 769 | 1 327 572 |
Ponta da Cruz | 190 | 90 |
Câmara de Lobos | 899 532 | 2 103 716 |
Ribeira Brava | 73 609 | 145 107 |
Ponta do Sol | 77 857 | 160 474 |
Calheta | 97 103 | 191 260 |
Paul do Mar | 81 652 | 183 120 |
Porto do Moniz | 74 934 | 67 444 |
São Vicente | 6 392 | 35 519 |
Ponta Delgada | 3 253 | 4 928 |
Porto da Cruz | 5 241 | 8 945 |
Machico | 96 877 | 205 629 |
Santa Cruz | 53 447 | 101 119 |
Reis Magos | 304 507 | 204 581 |
Porto Santo | 61 978 | 69 306 |
Nos Portos do Porto do Moniz e dos Reis Magos contam-se, nos números que ficam referidos, respectivamente 21 e 102 cachalotes e um no porto de São Vicente.
Segundo informações ministradas pelo abalizado ictiólogo Adolfo Noronha, a espécie de peixe que mais abundantemente se pesca na Madeira é a espada preta, chegando muitas vezes a aparecer, só no mercado da cidade, três e quatro mil espadas em cada dia, sendo largamente consumido por todas as camadas sociais. Conforme as mesmas informações, há anos que o atum, «que vem não se sabe donde e vai não se sabe para onde» é, em certas épocas pescado abundantemente nos nossos mares sendo uma das pescas mais lucrativas para os pescadores.
No artigo Pesca e Indústria Piscatória encontram-se outras informações, que muito interessam a este assunto.