Freguesias
Os religiosos franciscanos que acompanharam João Gonçalves Zargo quando este iniciou o povoamento e colonização do Funchal, foram os primeiros sacerdotes que nesta ilha exerceram funções eclesiásticas e paroquiais nas capelas de Santa Catarina, S. Paulo, Nossa Senhora do Calhau, Conceição de Cima, S. Sebastião, S. João, etc.. A primeira freguesia criada foi indubitavelmente no Funchal, mas torna-se difícil terminar hoje com precisão a sua primeira sede, sendo provável que ela não tivesse sido sempre a mesma e que até o serviço paroquial se exercesse simultaneamente em mais duma capela. O anotador das Saudades diz que talvez a primeira paróquia se tivesse estabelecido na ermida de S. Sebastião, o que não passa duma simples conjectura. O Dr. Alvaro de Azevedo afirma que o primeiro templo erigido no Funchal foi o de S. Sebastião, o que nos parece não ser verdadeiro, como em outro lugar veremos, e daí deduz a probabilidade da criação da primeira paróquia naquela capela. O descobridor João Gonçalves Zargo fixou a sua primitiva moradia no alto de Santa Catarina e depois em S. Paulo, mas é certo que o primeiro e mais importante núcleo de população se foi formando não longe da praia e pela margem esquerda da ribeira, que depois se chamou de João Gomes, sendo mais provável que a sede da primeira paróquia se estabelecesse ali, ao menos quando esta tornou um carácter mais permanente e de mais definitiva organização.
A primitiva capela de Nossa Senhora do Calhau data do segundo quartel do século XV, sendo construída pelos anos de 1438, devendo contar-se desta época ou pouco depois a criação da freguesia que ali teve a sua primeira sede.
A ordem de Cristo sempre ciosa dos seus privilégios e regalias, temendo que os religiosos franciscanos avocassem a si os direitos que a ela pertenciam pela doação que do espiritual lhe fora feita deste arquipélago, mandou a esta ilha um membro qualificado da mesma ordem, Fr. Nuno Cão ( V. este nome), a fim de superintender em todos os serviços religiosos e fazer valer os direitos e isenções que D. Duarte concedera à referida ordem pela Carta Regia de 26 de Setembro de 1433. Fr. Nuno Cão assumiu a direcção da paróquia de Nossa Senhora do Calhau, e quando esta transferiu a sua sede, em 1508, para o templo que depois passou a ser catedral, continuou aquele eclesiástico a ser o pároco da freguesia até que em 1514 foi nomeado deão, por ocasião da criação da diocese.
A primeira paróquia, enquanto teve sua sede em Nossa Senhora do Calhau, como ainda depois de ser transferida para a Igreja Grande, teve uma área muita vasta, e dela se foram a pouco e pouco desmembrando novas freguesias, como aconteceu em muitos outros pontos da ilha. Por 1558 foi o Funchal dividido em duas freguesias, com suas sedes nas igrejas da Sé Catedral e de Nossa Senhora do Calhau. Já então as capelas de S. Martinho, Santo António, S. Roque, Nossa Senhora do Monte e Nossa Senhora das Neves formavam outros tantos centros de população e constituíam fazendas povoadas de relativa importância, sendo em breve transformadas em paróquias ou curatos autónomos e passaram a ser as sedes de novas freguesias. Em 1566 tinha sido criada a paróquia de S. Pedro, que teve pouca duração, pois foi extinta no ano de 1579, sendo de novo restaurada em 1589.
Fora do Funchal parece ter sido Câmara de Lobos a primeira freguesia que se criou no ano de 1430, e talvez pela mesma época ou pouco depois a da Calheta, que são consideradas mais antigas do que Machico, a pesar de ser esta a sede duma capitania. Por 1440 se criaram as freguesias da Ribeira Brava e Caniço e a seguir a da Ponta de Sol e Santa Cruz. De todas estas se desmembraram novas paróquias, quando a população se foi estendendo e galgando os montes e as lombas do interior.
A cada uma das freguesias deste arquipélago consagramos em artigo especia1, em que damos uma sucinta noticia dos factos que mais possam interessar á sua historia.
Apresentamos em seguida a relação completa de todas as paroquias.
Destes concelhos, ficam na costa-norte da Madeira–Porto do Moniz, São Vicente e Sant'Ana, e os restantes na costa-sul, além do do Porto Santo, que fica na ilha do mesmo nome.