Clube Naval Madeirense
Os seus estatutos têm a data de 20 de Julho de 1917 e a comunicação de que se achava constituído foi feita a autoridade competente em 17 de Maio de 1918.
O Clube Funchalense, a que atrás nos referimos, durou perto de 60 anos e foi estabelecido numa casa ao Carmo, donde passou para o palacete á rua dos Ferreiros, que ocupou até ser extinto. Só faziam parte dele pessoas duma certa categoria social, ao passo que o Clube Unido, fundado quasi pela mesma epoca e extinto em principios de 1879, era menos exigente nos requisitos que exigia dos seus socios, os quais em todo o caso deviam ter boa conduta e ocupar uma posição decente na sociedade. O alto comercio era admitido no Clube Funchalense, mas os lojistas e outros comerciantes com estabelecimentos de venda, não tinham ali ingresso na qualidade de socios. Tendo certo negociante britanico muito estimado e considerado no Funchal, mas que tinha um estabelecimento de fazendas, pretendido fazer parte do mesmo clube, foi avisado por alguns socios seus amigos de que a votação da assembleia geral lhe seria desfavoravel, se não vendesse ou trespasse antes o mesmo estabelecimento!
O Clube Funchalense tornou-se muito conhecido pelos seus bailes e soirées, em que havia quasi sempre grande concorrencia de senhoras nacionais e estrangeiras. Quasi todos os personagens ilustres que visitavam esta terra, eram obsequiados com festas naquela casa, tendo muitas destas deixado de si recordação perduravel, pelo luxo e explendor que revestiram e pela maneira bizarra e fidalga com que os mesmos personagens foram ali recebidos.
Cochonilha (Cocus cacti).
Insecto homoptero da familia dos Coccideos, importado das Canarias no segundo quartel do seculo passado e cuja femea produzia o escarlate da tinturaria. Criavam-na sôbre o cacto chamado tabaibeira (Opunti tuna), porém esta industria nunca chegou a florescer, a pesar das tentativas persistentes de alguns comerciantes do Funchal. Deveu-se o insucesso, em parte, á oposição do camponês, que preferia o tabaibo ao insecto que lhe estregava esse tão apreciado fruto, embora se tratasse de materia corante de alta valia naquela epoca.
O termo cochonilha tem na Madeira, como aliás noutras partes, significação muito restrita, servindo sómente para designar o insecto tintorial da tabaibeira, ao passo que as cochonilhas, cochenilhas ou cochinilhas dos naturalistas são todos os Coccideos, familia que compreende, além do insecto referido, muitos outros chamados lapas e alforras.
A cochonilha aparece ainda nas folhas das tabaibeiras em S. Gonçalo e na Praia Formosa, reconhecendo-se facilmente pelas manchas que forma na planta. Passando nestas manchas a ponta duma bengala, ela aparece-nos mais ou menos tinta de escarlate.
Foi Miguel de Carvalho e Almeida o introdutor da cochonilha na Madeira, tendo o farmaceutico Gerardo José de Nobrega publicado um pequeno trabalho sobre este insecto, intitulado The Cultivation of Cochineal (Pharmaceutic Journal, 1849).