História

Carvalhal (1º. Conde de)

João José Xavier de Carvalhal Esmeraldo Vasconcelos de Atouguia Bettencourt Sá Machado, 1º. conde de Carvalhal, nasceu nesta cidade a 7 de Março de 1778, sendo filho de João do Carvalhal Esmeraldo Albuquerque e Camara e de D. Isabel Maria de Sá Acciaioly. Era fidalgo cavaleiro da Casa Real, coronel do regimento de milicias da Calheta e administrador de varios morgadios, entre os quais se destacavam os do Santo Espirito na Lombada dos Esmeraldos, Ponta Delgada, Agua de Mel e Paul do Mar. Sucedeu na importante casa de seu irmão Luiz Vicente do Carvalhal Esmeraldo de Sá Machado, o qual segundo afirma um distinto linhagista *era senhor de mais de doze morgadios grandes, que o constituiam o vassalo mais rico em bens patrimoniais de Portugal. O conde de Carvalhal foi, não só o mais abastado proprietario da Madeira, mas a sua casa era uma das primeiras do país, em que se tinham reunido muitos vinculos e morgadios, possuindo vastas propriedades em quasi tôdas as freguesias desta ilha e ainda no continente do reino e nos Açôres, deixando além disso, por sua morte, mil e tantos contos de réis em varios estabelecimentos de credito inglêses. Num curioso documento oficial, dirigido pelo corregedor desta comarca ao govêrno da metropole em 1823, se diz que o conde de Carvalhal tem grandissimos cabedais no banco de Londres e em caixa, e um avultadissimo rendimento annual, que, na presente penuria da ilha, sobe ainda de duzentos a trezentos mil cruzados, o que para a epoca representava uma renda verdadeiramente colossal para este arquipelago. Vivendo sem fausto nem ostentação, era no entretanto um homem de animo generoso e liberal, de que deu sobejas provas sobretudo por ocasião de algumas crises por que passou a Madeira, tendo sido uma verdadeira providencia para esta terra, contribuindo poderosamente para debelar essas crises com a fôrça do seu prestigio, da sua influencia e da sua grande fortuna. Arcou por vezes com a ganancia desmedida dos negociantes de vinhos, principalmente estrangeiros, que, mancomunando-se, faziam baixar os preços dos mostos com grande prejuízo dos pobres lavradores. Afecto ás ideias liberais, teve que emigrar para Inglaterra na corveta de guerra inglêsa Alligator a 22 de Agôsto de 1828, quando a Madeira foi ocupada pelas tropas miguelistas. Em Londres foi não só o desvelado protector dos madeirenses ali emigrados, mas socorreu generosamente todos os compatriotas que a ele se dirigiram, afirmando-se que nisso dispendera muitas dezenas de contos de réis. Estabelecido o govêrno constitucional, regressou a esta ilha em fins de 1834, e por carta regia de 13 de Setembro de 1835 foi nomeado governador civil deste arquipelago, tendo sido pouco antes, a 5 do mesmo mês e ano, agraciado com o titulo de conde de Carvalhal da Lombada. Os cuidados da administração da sua grande casa e mais ainda as doenças de que há muito sofria, afastaram-no dentro de poucos meses do govêrno do distrito, que muito violentado aceitara e unicamente para aceder aos desejos dos principais proprietarios e influentes desta ilha. Morreu a 11 de Novembro de 1837 na sua Quinta do Palheiro do Ferreiro e foi sepultado na capela que ainda hoje ali existe. Quarenta e tantos anos depois, o seu sobrinho e herdeiro, o 21. conde de Carvalhal, fêz trasladar os seus despojos mortais para o mausoléu que mandou erigir no cemiterio das Angustias e onde jazem sepultados.

Pessoas mencionadas neste artigo

João José Xavier de Carvalhal Esmeraldo Vasconcelos de Atouguia Bettencourt Sá Machado
1º. conde de Carvalhal

Anos mencionados neste artigo

1778
Nasceu João José Xavier de Carvalhal Esmeraldo Vasconcelos de Atouguia Bettencourt Sá Machado
1823
Documento oficial dirigido pelo corregedor desta comarca ao govêrno da metropole
1828
Emigrou para Inglaterra na corveta de guerra inglêsa Alligator
1835
Nomeado governador civil deste arquipelago