Carvalhal (Antonio do)
As antigas cronicas madeirenses ocupam-se com largueza dos actos de bravura e de fôrça muscular de Antonio do Carvalhal, contando Gaspar Frutuoso pormenorizadamente muitas das suas acções de valentia, que por largo tempo perduraram na tradição local. “Antonio de Carvalhal, dizem as Saudades, homem tão cavalleiro, como esforçado por sua pessoa, nobre, e magnifico por sua condição e grande virtude, com a qual por sua magnificencia tem adquirido tanta fama, e ganhado tanto nome com as vontades dos homens, que por isso lhe obedecem: e se fôr necessario dar um brado, ajuntará quinhentos homens da banda do Norte a seu serviço, para qualquer feito de guerra, como ja lhe aconteceo, ou para qualquer outro; e não sem rasão, porque sua casa he hospital e acolheita de todo o pobre, hospedagem dos caminhantes, e refugio finalmente dos necessitados. Assi despende sua fazenda toda (que muita possuhe desta banda) nestas obras, que em sua casa se gastão cada anno trinta moyos de trigo, fóra outros muitos que empresta, e com elle soccorre a quem tem necessidade, que todos recolhe de sua lavoura. Teve residencia na freguesia da Ponta Delgada e era filho de Pedro Ribeiro e de D. Ana Esmeraldo, ambos de nobre ascendencia.