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Carreira de Tiro

De há muito se reconhecia a necessidade de uma carreira de tiro, que simultaneamente servisse para ministrar a instrução preparatoria de tiro ao alvo aos recrutas da guarnição deste distrito, ao aperfeiçoamento da instrução daqueles que já anteriormente tivessem sido encorporados e ainda para o aprendizado dos membros das associações de tiro civil, que porventura tivessem a organizar-se entre nós. Algumas tentativas se fizeram, que resultaram inteiramente infrutuosas. O acidentado do terreno, a intensidade das culturas agricolas e as dificuldades criadas por certos elementos preponderantes, não foram razões de somenos importancia que obstaram á realização daquele importante melhoramento, não contando ainda com os embaraços que no ministerio da guerra se levantaram para a concessão das verbas indispensaveis para o mesmo melhoramento.

O capitão de engenharia Carlos Roma e Maia e mais tarde o capitão Eduardo Pereira, juntamente com o tenente Jorge Camacho, organizaram dois projectos de carreira de tiro, tendo realizado varios trabalhos de campo, mas foram duas tentativas sem resultados apreciaveis.

Por 1904, conseguiu o comandante militar coronel Joaquim Maria Alves um subsidio da Junta Geral, da importancia de três contos de réis, tendo mais tarde a secretaria da guerra, a instancias daquele oficial, ordenado o estudo duma carreira de tiro, nomeando-se para esse fim uma comissão especial, que ficou composta do coronel de engenharia Abreu Nunes, coronel Bernardino Pereira, tenente-coronel Eduardo Pereira, capitãis Candido Gomes e Ricardo de Andrade, tenente Alberto Sarmento e tenente de artilharia Antonio Joaquim dos Santos Pimenta. Esta comissão, depois de varios estudos e trabalhos, resolveu definitivamente que a carreira de tiro se construísse no sitio da Varzea da freguesia de São Martinho, mas não chegou a realizar trabalhos importantes e menos ainda a elaborar os respectivos projectos e orçamentos pelos entraves que diversas influências locais levantaram então á realização desse desejado melhoramento. Isto sucedia em 1909.

Foi em Junho de 1911 que o ministro da guerra ordenou que se procedesse com urgencia ao estudo da construção da carreira de tiro, sendo então nomeada uma comissão composta dos capitãis Candido Gomes e Ricardo de Andrade, e tenente José Betencourt da Camara, que imediatamente e com o maior zêlo e actividade se dedicou a diversos trabalhos, tendo feito escolha do local da Varzea da freguesia de São Martinho, como apropriado para aquele fim e organizado sem grande demora o respectivo projecto, que mereceu a aprovação das estações superiores.

No mês de Outubro de 1912 autorizou o ministerio da guerra o inicio das obras, e ia finalmente a Madeira ser dotada com uma carreira de tiro, para a instrução militar da sua guarnição.

Reconhecendo-se que o projecto elaborado precisava de sofrer algumas modificações, foi nomeada uma nova comissão composta do major Ricardo de Andrade, capitão Antonio Agostinho Camara e tenente Carlos Ribeiro Pestana, que organizaram os ultimos e definitivos projecto e orçamento, que serviram de base á construção, sendo as despesas computadas então em 18.739.000 réis.

É a ocasião de pôr em relêvo a circunstancia de se dever principalmente ao distinto oficial e nosso patricio Candido Gomes a consecução deste melhoramento. Fazendo serviço na secretaria da guerra e conhecendo de perto a necessidade da carreira de tiro, a cujos estudos se tinha afanosamente entregado, conseguiu as dotações necessarias para a compra e expropriação do terreno indispensavel ao comêço dos trabalhos de construção, não deixando nunca de dispensar a sua valiosa cooperação e os seus bons oficios a favor da criação e funcionamento deste estabelecimento militar.

Os trabalhos de construção começaram de Março de 1917 sob a proficiente direcção do capitão de infantaria Antonio Agostinho Camara e têm prosseguido com a possivel actividade, devendo estar brevemente concluídos.

A carreira de tiro tem 450 metros de extensão, e com alvos á distancia de cem, duzentos, trezentos e

quatrocentos metros, havendo linhas de tiro e sendo o fogo feito do sul para o norte. Levanta-se no local escolhido na Varzea da freguesia de S. Martinho, e, como sitio é bastante povoado, tornou-se indispensavel a construção de muitas obras de arte, para colocar a população circunvizinha inteiramente ao abrigo de todo o perigo que porventura pudesse haver por ocasião dos exercicios ao alvo. Informam-nos de que fica sendo uma das melhores carreiras de tiro do país.

Pessoas mencionadas neste artigo

Abreu Nunes
Coronel de engenharia
Alberto Sarmento
Tenente
Antonio Joaquim dos Santos Pimenta
Tenente de artilharia
Bernardino Pereira
Coronel
Candido Gomes
Capitão
Carlos Ribeiro Pestana
Tenente
Carlos Roma e Maia
Capitão de engenharia
Eduardo Pereira
Tenente-coronel
Joaquim Maria Alves
Coronel
Jorge Camacho
Tenente
José Betencourt da Camara
Tenente
Ricardo de Andrade
Capitão

Anos mencionados neste artigo

1904
Conseguiu o comandante militar coronel Joaquim Maria Alves um subsidio da Junta Geral, da importancia de três contos de réis
1909
A carreira de tiro se construísse no sitio da Varzea da freguesia de São Martinho
1911
Ministro da guerra ordenou que se procedesse com urgencia ao estudo da construção da carreira de tiro
1912
Ministerio da guerra autorizou o inicio das obras
1917
Os trabalhos de construção começaram de Março

Localizações mencionadas neste artigo

Varzea
Freguesia de São Martinho
Localizada na freguesia de S. Martinho