Cana Sacarina
Data de 1425, segundo parece, a introdução da cana de açucar na Madeira, tendo as primeiras estacas desta planta, que se diz terem vindo da Sicilia por ordem do infante D. Henrique, sido plantadas no Campo do Duque, que era o terreno onde na cidade do Funchal estão hoje a Sé Catedral, seu adro e terreiro, o Largo da Sé, a Rua do Aljube e o Largo do Comercio, outrora de S. Sebastião. Do Campo do Duque passou a cana a Machico, e aí prosperou a sua cultura de tal modo, que produziu treze arrobas de açucar, o qual foi do primeiro vendido na ilha. Da Madeira passou a cana de açucar ás Canarias, a Cabo Verde, a S. Tomé e Principe e a Angola e Benguela, sendo de supor que da nossa ilha se propagasse também esta util planta ás colonias portuguesas e espanholas da America onde ainda hoje existe uma casta de cana denominada crioula, perfeitamente identica á antiga cana da terra, cultivada entre nós. A cultura da cana prosperou e desenvolveu-se na Madeira até o meado do seculo XVI, em que esta ilha chegou a produzir 300:000 arrobas de açucar, mas em 1590, quando Gaspar Frutuoso escreveu as Saudades da Terra, já a outrora florescente industria sacarina tendia a decair, mercê da afluencia aos mercados europeus do açucar do Brasil e das colonias espanholas, se bem que houvesse ainda aqui valiosas plantações daquela gramínea. Para conjurar a crise que principiava a manifestar-se, solicitou e obteve a Camara do Funchal em 1598, um alvará para que nenhum navio pudesse carregar aqui açucar de outras paragens, mas esta medida nenhuns beneficios trouxe á ilha, como também os não trouxe um contrato celebrado em 1608 entre os moradores da cidade e a mesma Camara para que se não vendesse a estrangeiros açucar importado do Brasil, senão depois destes terem feito o terço dos seus carregamentos com açucar da terra. "Por um alvará de 1649, diz o Dr. Azevedo, foram prometidos premios e emprestimos aos que refizessem os antigos engenhos, já então em ruinas, ou que levantassem outros novos, porem, a industria sacharina na ilha da Madeira ficara ferida de morte, desde que, pelos fins do seculo XVI em diante, o assucar americano veiu sortir os mercados europeus por preços com que ella não podia rivalizar. De feito a concorrencia tornara-se-lhe impossivel, já porque a America se fecundava pelo quasi gratuito trabalho do escravo, emquanto a Madeira, na maxima parte, pelo do colono livre; já porque na America, a terra, a cultura, o fabrico, e talvez o capital tambem, constituiam um interesse, uma força, uma empreza identica, e aqui não: a heterogenea dualidade senhorio e colono, ou morgado e villão, por tempos adormecida em suas reciprocas invejas, á sombra da opulencia a que não dera impulso, acordou, destruidora de si propria, logo que, á segúre da adversidade, a arvore protectora lascou e cahiu". O ilustre anotador das Saudades da Terra aponta o ano de 1748 como demarcando o têrmo do periodo sacarino nesta ilha; deve-se notar, porém, que foi somente a industria da manipulação dos açucares que desapareceu por então quasi inteiramente, pois que a cultura da cana, essa continuou a manter-se, embora em muito menor escala que anteriormente. "A Madeira, diz o Dr. Azevedo, ficou do meado do seculo XVIII, em diante, reduzida a mera consumidora do açucar americano, com o qual mantinha a confeitaria, que, bem se podia dizer, aqui foi elevada, desde o seculo XVI, a verdadeira arte e valiosa industria de exportação, como se mostra de alguns diplomas... e de diversos trechos das Saudades da Serra, especialmente o que diz que o capitão Simão Gonçalves da Camara mandou a Roma visitar o papa com um grande serviço... muitos brincos e mimos da ilha de conservas, e o
Sacro Palacio todo feito de açucar, e os cardeais todos feitos de alfenim... da estatura de um homem “. Poucos engenhos existiam na ilha em 1730, e em 1736, 1739, 1741, 1748, 1758 e 1765, foram solicitados alvarás para a importação do açucar do Brasil. Bowdich, que esteve na Madeira em 1823, diz que se fabricava aqui uma quantidade insignificante de açucar, e o autor dos Rambles in Madeira, que nos visitou em 1826, refere quasi a mesma cousa acêrca deste produto, acrescentando que havia então em tôda a ilha um unico engenho de espremer cana doce. Em 1827, refere um jornal da epoca, havia na Madeira mais outro engenho destinado ao mesmo fim, mas em 1851 já o numero desses estabelecimentos subia a quatro, todos movidos pela fôrça de bois, segundo atesta Eduardo Harcourt na sua Sketch of Madeira. “O fabrico do assucar e da aguardente, refere o Dr. Azevedo, resuscitaram quasi immediatameate á destruição dos vinhedos de 1846 para 1852. Começou primeiro o da aguardente, em 1847, por uma fabrica montada em Camara de Lobos; seguiu-se em 1853, outra na Ribeira Brava; outra em 1854, em Camara de Lobos; outra, nos Canhas, em 1855; em 1857, duas, uma no Arco da Calheta, outra em Camara de Lobos; nove, no ano de 1858, a saber: duas em Machico, duas no Porto da Cruz, uma em S. Jorge, uma em Ponta Delgada, uma no Paul do Mar, uma na Magdalena e uma em Camara de Lobos; em 1859, duas, uma em S. Jorge, outra no Faial; em S. Vicente, uma no anno de 1860; por ultimo, em Ponta Delgada, no de 1861. Vieram depois as fabricas de assucar; a de Ferraz Irmãos, começada annos antes, a de William Hinton & Son, ambas no Funchal, e a de Ferreira Nogueira, em S. Martinho, tôdas em 1856; em 1858, a de Ornellas Frazão, em Santa Cruz; em 1859 a de Joaquim da Silva, no Funchal; desde então até 1866, a de Diogo Frazão, no Arco da Calheta, e a de Wilbraham, na Ponta do Sol; por ultimo a grande fabrica de São João, fazendo algumas das sete ultimas tambem aguardente+. A quantidade de garapa obtida em 1855 foi de 311:500 galões, segundo refere White no livro intitulado Madeira its climate and scenery, e do relatorio apresentado pelo agronomo Eduardo Dias Grande á Sociedade Agricola do Funchal em 1865, vê-se que a ilha produziu nesse ano 14:688:043 quilogramas de cana, devendo regular então a área de cultura desta planta por uns 357 hectares. Segundo o mesmo agronomo, esses 14.688:043 quilogramas deveriam produzir 84:218,98 hectolitros de garapa, representando um capital de 175.039.550 réis. A cultura sacarina manteve-se florescente na Madeira até 1881, mas em 1882 uma molestia até então completamente desconhecida na ilha, começou a atacar os canaviais, acabando por destruí-los quasi completamente em 1884, 1885 e 1866. Essa molestia provocada por um fungo, o Conyothyrium melasporum, segundo pensa o distinto engenheiro- agronomo o sr. Alfredo de Fraga Gomes, causou importantissimos prejuízos á ilha, tendo sido infrutiferos todos os meios de tratamento empregados para a debelar. Foi a cana Bourbon, importada de Caïena nos principios do seculo XIX e de Cabo Verde no meado do mesmo seculo, a casta destruída pelo Conyothyrium, mas a introdução desde 1833, de castas novas e seleccionadas vindas da Mauricia e de outros países, permitiu a rapida reconstituição dos canaviais, os quais já em 1890 se achavam espalhados por quasi tôda a região baixa da ilha, havendo mesmo uma casta, a bambu, que se tinha reconhecido poder ser cultivada em altitudes onde antes nunca chegara a cana
A cana da terra ou crioula, baixa e de côr verde, foi, como dissemos já, a primeira que existiu na Madeira, seguindo-se-lhe a cana Bourbon, de colmos mais altos e ás vezes um pouco avermelhados, introduzida no seculo XIX. Em 1861, ou um pouco antes, foi introduzida na ilha a cana das Antilhas, de fôlhas e colmos violaceos, mas esta casta, que se desenvolvia mal sob o nosso clima, nunca chegou a formar grandes plantações. As castas de cana que em 1890 existiam na ilha, eram principalmente a Otaheite, a cristalina do Haiti, a elefante e a bambu, tôdas de colmos verdes, amarelados ou esverdinhado-amarelados; a violeta, a violeta clara e a violeta escura, de colmos violaceos e fôlhas verdes; a vermelha, de colmos da mesma cor; a Port Mackay, de colmos arruivados e fôlhas listadas, já um pouco atacada pela molestia; e a rajada e a cristalina rajada, de colmos grossos e listados. Estas duas ultimas castas, a violeta e a Otaheite ou cana branca eram as que dominavam nas plantações, sendo também as mais resistentes e as mais rendosas em garapas. A cana Yuba uma das mais largamente cultivada, tem uma vitalidade superior á de qualquer das outras castas, levando-lhes também vantagem na produção, o que é devido á abundancia dos seus colmos. O rendimento medio por hectare que noutros tempos era de 20, 25 e 30:000 quilogramas, atinge agora 30, 35 e 50:000 quilogramas, correspondendo sempre as maiores producões ás terras eminentemente proprias para a cultura da cana e convenientemente fertilizadas por meio de estrumes e adubos quimicos. Embora a cana sacarina seja cultivada com resultado em Málaga e em Motril, na Espanha, mostra a experiencia que na Madeira ela não deve ultrapassar a altitude de 250 a 300 metros na costa do sul, e de 150 a 200 metros na do norte. Na altitude de 450 metros as garapas têm apenas 4 a 6 graus Beaumé, o que faz com que as canas aí produzidas não alcancem nunca os preços por que são vendidas as da região inferior. Segundo as analises a que procedeu em 1911 o Dr. Otto Klein, as garapas da cana Yuba cultivada na região inferior da ilha, chegam a apresentar 10, 46 Beaumé, ao passo que as da antiga cana Bourbon marcavam algumas vezes 11,05. Refere o sr. Luiz de Castilho num trabalho intitulado A Fabricação do Assucar de Canna (Rio de Janeiro, 1892), que em Guadalupe as analises de cana acusaram uma media de 12,29 por cento de sacarose, em Cuba 12,5 a 14 por cento, conforme a epoca, e no Brasil, nos terrenos de Bracuhy, 14.86 por cento. Em setenta e uma analises a que procedeu o Dr. Otto Klein em colmos da cana Yuba, a media obtida foi apenas 11,7, sendo de notar, porém, que muitas das canas enviadas a este quimico, provinham de terrenos situados a cêrca de 350 metros acima do nivel do mar. Na Madeira, anteriormente á cana Yuba, com as castas então existentes, que eram diversas, as percentagens de sacarose acusadas pela cana eram de 11% e o seu rendimento oscilava entre 6 e 7 quilogramas por cento, em açucar cristalizado, enquanto que agora, devido á melhoria das castas e ao aperfeiçoamento dos processos de fabrico que a pouco e pouco se tem vindo operando, o rendimento da cana em açucar cristalizado é de 9 a 10 por cento. Conforme esclarecimentos de ordem tecnica vindos a lume, “cada 100 quilogramas de cana Yuba contêm 78 litros de garapa ou jus com uma pureza de 86+, o que é motivo para que consideremos essa casta tão preciosa ou quasi tão preciosa como as castas cultivadas nas Indias Ocidentais, cujos *sucos teem 84 a 88 de pureza“ segundo afirma o autor de um opusculo publicado em 1910, com o titulo de A Questão Sacarina da Madeira. O prêço da cana tem variado bastante na Madeira. Em 1872 a Companhia Fabril de Assucar Madeirense pagava 55 centavos por cada 30 quilogramas de cana com 9 a 10 graus Beaumé, 60 pela que tinha 10 a 11 graus e 65 pela que tinha mais de 11 graus, mas estes preços foram pouco duradouros, e logo que os inimigos da fabrica de S. João conseguiram aniquilá-la, viu-se baixar de uma maneira bastante sensivel o
O preço daquele produto. Em 1881, a fábrica do Torreão pagava a cana a 45 centavos, mas este preço, que ainda era remunerador, também não se manteve, desaparecendo pouco depois os canaviais em virtude da molestia a que já nos referimos. Por 1862 as fábricas pagavam a cana a 30 centavos, depois pagaram-se algumas vezes a 32 e 35 centavos, aparecendo finalmente o decreto de 30 de Dezembro de 1895 que estabeleceu para aquele produto os preço de 40 a 45 centavos por 30 quilogramas, e o decreto de 24 de Setembro de 1903, pelo qua1 a Madeira obteve mais 5 centavos nos preços mínimos de cana, acréscimo este que o decreto de 18 de Março de 1911 não alterou. Atualmente e por fôrça do disposto no decreto n. 27.912, de 31 de Julho de 1937, o preço estabelecido para a cana em condições legais é de 7$60 por 30 quilogramas. Algumas fábricas de aguardente pagaram a cana em 1918 por preços superiores aos estabelecidos no decreto de 1911, mas o governo, a título de proteger o distrito contra o perigo do alcoolismo, determinou que essas fábricas cessassem a sua laboração, podendo daí em diante as fábricas matriculadas comprar o resto da produção pelos preços legais. É de advertir que por efeito de várias causas que são do domínio da técnica, a quantidade de açúcar comercial obtida não corresponde exatamente á riqueza sacarina da cana, mas a diferença é muito menor hoje do que outrora, mercê dos processos de fabrico e de extração máxima adoptados modernamente na ilha. Antes do decreto de 1895 podiam os lavradores mandar fabricar açúcar por sua conta, pagando com uma parte deste produto ou com uma certa importância em dinheiro o preço ajustado para o fabrico, mas esse direito não foi reconhecido pela fábrica do Torreão, depois que lhe foi permitido monopolizar os serviços da produção do açúcar para consumo da ilha. A cultura da cana, que ocupava a superfície de 1:000 hectares em 1906, de 1:100 hectares em 1911, de 1:800 hectares em 1915 e de 1:500 hectares em 1918, é, diz o engenheiro-agrônomo sr. João da Mota Prego, mais rendosa do que a da vinha, dadas as condições do comércio dos nossos vinhos, mas menos do que a da bananeira. No entender do mesmo agrônomo, essa cultura “não pode abranger área muito superior á que tem ocupado nos últimos anos; o que poderá aumentar é a intensidade de produção por unidade de superfície, sendo em todo o caso muito lento este aumento de produção, dependendo de uma cultura mais intensiva, isto é consumindo mais capitãis e portanto contrariada pelo atual regimen de exploração agrícola, a parceria. Na multiplicação da cana sacarina empregam-se de ordinário as extremidades dos colmos, que são muito mais baratos do que as outras partes da planta, sendo uso plantá-los obliquamente a fim de facilitar a formação das soqueiras. A irrigação dos canaviais durante a estação quente realiza-se de 15 em 15 ou de 17 em 17 dias, o que não quer dizer que eles não possam resistir a períodos mais longos de secura. Em certas localidades pouco abundantes em águas, deixam as canas de ser regadas às vezes durante um mês. A cana Yuba é das castas que têm sido cultivadas na Madeira, a que melhor resiste á sêca, devido ao seu carácter rústico. A construção de levadas principiou na Madeira durante o século XV, sendo graças a ela que a cultura da cana, iniciada no Campo do Duque, pode difundir-se por novas localidades primeiramente no sul e depois
No norte da ilha. As 300:000 arrobas de açucar que se fabricavam na ilha no meado do seculo XVI, levam-nos a supor que haveria então cêrca de dois mil hectares cultivados de cana, sendo possivel que para a irrigação das terras fossem aproveitadas também as aguas de muitas fontes que agora não existem, em virtude da insensatez com que o povo destruíu as antigas matas madeirenses. As levadas de Santa Luzia, do Castelejo e da Ribeira dos Socorridos já estavam construídas no seculo XVI, tendo pelo alvará de 19 de Outubro de 1562 determinado a rainha regente D. Catarina, em nome de D. Sebastião, que esse e outros canais se limpassem “bisto se perderem muytas canas daçucar & deixarem de se prantar outras por se nom tirarem e limparem as levadas em tempo“.
“O mais antigo diploma relativo á industria saccharina, que ha no Archivo da Camara do Funchal, é de 1562, segundo se vê das notas ás Saudades da Terra, e delle se evidenceia datarem de então os primordiaes progressos desta industria na Madeira: concede a construção do primeiro engenho de agoa que aqui houve para fazer assucar, vendo-se do theor que, antes desse, não existia aqui outro, com qualquer motor. Até esta epocha o fabrico do assucar, pois, não podia deixar de ser escasso, e de mera laboração domestica“.
Em 1900 existiam na Madeira 49 fabricas de moer cana, das quais 16 trabalhavam pela força de vapor e 33 pela da agua; hoje é de 51 o numero desses estabelecimentos, dos quais um apenas, o de H. Hinton, fabrica todo o açucar consumido no arquipelago ou exportado para Portugal. O poder de laboração desta ultima fabrica, uma das mais vastas e perfeitas que se conhecem, atinge hoje 500 toneladas de cana em vinte e quatro horas, ao passo que de 1895 a 1900 não ia esse poder além de 150 toneladas, no mesmo espaco de tempo.
Não é só como planta industrial que a cana sacarina presta bons serviços; presta-os também como planta forraginosa, pois que as suas fôlhas, enquanto verdes, são comidas com prazer pelos gados. A cana passa geralmente por duas desfolhas, uma de Julho a Outubro, e outra antes da colheita.
É varia e abundante a legislação publicada sôbre o regime sacarino da Madeira. O diploma fundamental a que se subordinam hoje a cultura e a industria sacarina é o decreto n1. 3.847, de 14 de Maio de 1934. Por este diploma, a cultura da cana é limitada á que, tendo o minimo de 9 Baumé, fôr indispensavel para o açucar consumido na Madeira e suplementarmente para o alcool e aguardente que tenham consumo no arquipelago. Esta produção de cana tem a garantia de compra obrigatoria, ao prêço legal, pela fabrica de açucar, e se em qualquer ano industrial o açucar resultante da sua laboração exceder o consumo local, a fabrica poderá introduzir o excesso no continente até o limite maximo de 200 toneladas, com isenção de direitos e impostos.
Para se chegar a este equilibrio, preceitua o referido decreto que a direcção da Alfandega do Funchal determinará, pelas investigações e analises previas adequadas, os sitios e terrenos distantes das fabricas de açucar e de alcool ou do mar, onde a cana tem menos de 9 Baumé, e se ainda assim a produção normal da cana exceder as necessidades previstas o Govêrno poderá ordenar as providencias precisas para extinguir a cultura onde esta seja menos conveniente.
As castas que vieram substituir a cana Bourbon estão extintas ou quasi extintas na ilha, sendo os canaviais madeirenses constituídos agora, predominantemente, pela cana Yuba, importada do Natal por 1897, e por algumas variedades da P. 0. J., importadas principalmente da provincia de Angola de 1933 em diante. A cana Yuba, considerada de inferior qualidade no Brasil, na Mauricia, na Luisiana e noutros países onde é ou tem sido cultivada, adaptou-se por tal forma aos terrenos e clima da nossa ilha, que é tida com justa razão, como uma das mais resistentes e rendosas que aqui têm existido.
São proibidas desde 1934 plantações de cana de açucar em terrenos que a essa data não as tenham e ainda naqueles em que forem substituidas por outra cultura, vindo mais tarde o decreto nº. 25.437, de 31 de Maio de 1935, estabelecer que, quando se torne necessario substituir ou renovar as plantações de cana, para manter os canaviais em condições economicas de exploração, podem os respectivos proprietarios, mediante autorização previa da direcção da Alfandega do Funchal, proceder a essa substituição ou renovação até ao limite de 80 por cento dos pés substituídos e 80 por cento da área ocupada.