HistóriaReligião

Cabido

Pela bula Pro excellenti praeeminentia, de 12 de Junho de 1514, criou Leão X a diocese do Funchal e conjuntamente o respectivo cabido da Sé Catedral, que pela letra expressa desse diploma pontificio foi constituído pelas dignidades de Deão, Arcediago, Chantre, Tesoureiro-mor e mais doze cónegos prebendados. Só posteriormente é que foi criada a dignidade de Mestre-Escola, e também se criaram depois quatro canonicatos de meia prebenda, chegando o cabido do Funchal a ser composto de vinte e um capitulares. Foi ainda mais tarde criado o cargo de cónego doutoral ou teologal, provido numa das doze conezias já existentes. Assim se manteve constituído o cabido do Funchal até que por uma concordata celebrada entre a Santa Sé e o governo português, há algumas dezenas de anos, ficou reduzido a doze membros, compreendendo três dignidades, numero este sem duvida suficiente para o cabal desempenho de todas as funções cometidas a este corpo capitular.

A bula citada, expressamente se refere a Nuno Cão (V. este nome), indicando-o como o sacerdote que devia ser investido no cargo de deão, e também ordena que entre os quinze beneficiados da colegiada existente na freguesia que depois tomou o nome de Sé, fossem os três mais antigos nomeados para as outras três dignidades, e os restantes doze ocupassem os lugares das doze conezias então criadas.

O cargo de deão, era, e ainda hoje o é, a mais alta dignidade do cabido, e segundo uma lei do nosso país, que esteve em vigor até á proclamação da Republica, só podia ser nela provido um eclesiástico que tivesse a formatura em direito ou teologia. Nuno Cão foi o primeiro que entre nós exerceu este lugar, sucedendo-lhe Filipe Rebelo e depois o Dr. Antonio da Costa. Os últimos sacerdotes que ocuparam o deado na Sé do Funchal foram, respectivamente, Antonio Joaquim Gonçalves de Andrade, Aires de Ornelas de Vasconcelos e João Joaquim Pinto (V. estes nomes). Este cargo teve primitivamente o vencimento de 7.000 réis anuais e depois de 15.000 réis, passando a ser de 25.000 réis em 1527 e de 45 000 réis em 1563. Ultimamente tinha a côngrua anual de 772.680 réis. Os dois primeiros sacerdotes que exerceram as funções de deão tinham a seu cargo o serviço paroquial, sendo, por morte do segundo, criados os dois lugares de curas da Sé e ficando deste modo dispensado o deão do múnus pastoral.

Como fica dito, as dignidades do cabido do Funchal, eram, além do deão, as de arcediago, chantre e mestre escola, ficando ultimamente reduzidas ás três primeiras. Há muitos anos que não tem sido providas as dignidades de arcediago e de chantre, sendo o ultimo arcediago o cónego José Joaquim de Sá, que faleceu por 1869.

As doze conezias da primitiva constituição do cabido foram em 1536 acrescentados dois canonicatos de meia prebenda e outros dois em 1577.

Entre os eclesiásticos que foram membros do cabido do Funchal, contam-se Jeronimo Dias Leite, Antonio Veloso de Lira, Pedro Correia Barbosa, João Francisco Lopes Rocha, Gregorio Nanzianzeno de Medina e Vasconcelos, Antonio Joaquim Gonçalves de Andrade, Aires de Ornelas de Vasconcelos, Alfredo César de Oliveira e Antonio Aires Pacheco (V. estes nomes).

Pessoas mencionadas neste artigo

Aires de Ornelas de Vasconcelos
Sacerdote que ocupou o deado na Sé do Funchal
Alfredo César de Oliveira
Membro do cabido do Funchal
Antonio Aires Pacheco
Membro do cabido do Funchal
Antonio Joaquim Gonçalves de Andrade
Último sacerdote que ocupou o deado na Sé do Funchal
Antonio Veloso de Lira
Membro do cabido do Funchal
Dr. Antonio da Costa
Sacerdote que sucedeu a Filipe Rebelo
Filipe Rebelo
Sacerdote que sucedeu a Nuno Cão
Gregorio Nanzianzeno de Medina e Vasconcelos
Membro do cabido do Funchal
Jeronimo Dias Leite
Membro do cabido do Funchal
José Joaquim de Sá
Último arcediago do cabido do Funchal
João Francisco Lopes Rocha
Membro do cabido do Funchal
João Joaquim Pinto
Sacerdote que ocupou o deado na Sé do Funchal
Nuno Cão
Sacerdote investido no cargo de deão
Pedro Correia Barbosa
Membro do cabido do Funchal