Bravos do Mindelo
Numerosos foram os madeirenses que se bateram pela causa da liberdade na longa e cruenta guerra civil que terminou com a convenção de Evora Monte, assinada a 26 de Maio de 1834, mas desses beneméritos, muitos dos quais fizeram parte da expedição de 7:500 homens com que D. Pedro desembarcou nas praias do Mindelo no dia 8 de Julho de 1832, apenas chegaram até nós os nomes dos seguintes:
D. Jorge da Câmara Leme (V. este nome). Alcançou o posto de tenente e faleceu no Funchal a 8 de Julho de 1889.
Henrique João Fernandes. Era natural de Machico e morreu na acção de 25 de Julho de 1833, nas linhas do Porto, em campanha.
Cristovão Lomelino de Carvalho. Era natural de Machico e morreu na acção de 5 de Setembro de 1833, nas linhas de Lisboa.
José Antonio de Almada (V. este nome). Foi condecorado com o grau de cavaleiro da Torre e Espada por se haver distinguido na batalha da Asseiceira, em que foi ferido. Era natural de Machico e faleceu no Funchal a 2 de Maio de 1885.
Cândido de Freitas Cabeça. Distinguiu se em muitos combates e morreu no Funchal, donde era natural, em idade pouco avançada.
Francisco de Freitas Broegas. Notabilizou se pela sua bravura em muitos combates, mas morreu pobre na cidade do Funchal, onde exerceu o mister de oficial de diligências.
Januario dos Ramos. Depois de voltar de Portugal, foi guarda da Alfândega e empregado do Matadouro Municipal. Faleceu por 1888.
Tertuliano Toribio de Freitas. Foi condenado pela alçada que veio à Madeira em 1823 e prestou mais tarde bons serviços nas campanhas da liberdade, vindo porém a morrer pobre, vitima de ingratissimo abandono.
Manuel (?) Camacho. Parece que era natural de Santo Antonio, e morreu naquela freguesia por 1880.
Luiz Vicente da Silva. Foi guarda da Alfândega e morreu por 1880.
Atanasio Herculano Nunes. Foi empregado da Alfândega do Funchal e morreu em Santa Cruz em Setembro de 1887.
Antonio Xavier da Costa. Foi também empregado da Alfândega, e faleceu por 1879.
Nicolau Anastacio de Bettencourt (V. este nome). Foi governador civil em Angra, Ponta Delgada, Portalegre e Aveiro, e faleceu em Angra, onde residiu a maior parte da sua vida, a 7 de Março de 1874.
Jacinto Augusto Camacho (V. este nome) Alcançou o posto de general de brigada e foi, enquanto coronel, comandante interino da divisão militar da Madeira. Faleceu no Porto a 7 de Junho de 1885.
José Camacho. Morreu nas linhas de Lisboa.
Roberto Joaquim Cuibém. Fugiu para Inglaterra, passando dali aos Açores. Alcançou o mais elevado posto do exército, e faleceu no Funchal por 1870.
Luiz Albino Gonçalves. Atingiu o posto de coronel medico do exército, sem ter nenhuns estudos regulares de medicina e prestou bons serviços por ocasião da epidemia colérica em 1856. Faleceu no Funchal, em Março de 1882.
Joaquim Antonio de Carvalho. Comandou o corpo de artilheiros auxiliares da Madeira.
Joaquim Pedro Castelo Branco. Foi mais tarde capitão do porto do Funchal, tendo atingido o posto de contra almirante. Faleceu a 17 de Junho de 1884 e cremos que só prestou serviços à causa de liberdade, como oficial de marinha.
Joaão Correia. Foi mais tarde alferes de infantaria 5.
José Bettencourt de Abreu. Alcançou o posto de alferes no exército libertador.
Antonio José de Meneses. Alcançou o posto de major de cavalaria.
Antonio Teixeira Doria. Só prestou serviço como oficial de marinha.
Antonio Aluísio Jérvis de Atouguia (V. Atouguia), mais tarde Visconde de Atouguia. Atingiu o posto de brigadeiro graduado de engenharia e faleceu em Lisboa a 17 de Maio de 1861.
Francisco Venancio de Mendonça. Desempenhou o cargo de escrivão da Câmara de Machico e faleceu no Funchal em 1856.
Bertoldo Francisco Gomes. Foi mais tarde tenente de artilharia no Funchal e morreu em Maio de 1855.
Paulo Manuel Ferreira Ferro. Era natural da Fajã da Ovelha e morreu no Funchal em fins de 1894.
Francisco Correia Heredia (V. este nome). Faleceu em Lisboa em 1880.
Francisco Alexandrino da Costa Lira. Alcançou o posto de brigadas e foi mais tarde rico proprietário, vindo a falecer no Funchal a 21 de Janeiro de 1877, com 72 anos de idade.
Julio Berenguer. Faleceu no Funchal depois de 1880.
José de Freitas Teixeira Espinola de Castelo Branco. Alcançou o posto de marechal de campo.
Francisco Antonio Rodrigues da Silva. Esteve na batalha da Asseiceira e em muitos outros combates, tendo sido condecorado com o grau de cavaleiro da Torre e Espada. Desempenhou o logar de oficial de diligências da Administração do Concelho e em 29 de Janeiro de 1839 foi nomeado guarda do cemitério das Angústias.
João de Azevedo. Era natural do Seixal e serviu a bordo do brigue de guerra Vinte e três de Julho, enquanto durou o cerco do Porto, tendo entrado na acção do Cabo de S. Vicente. Foi condecorado com o habito da Torre e Espada, e, depois de obter baixa do serviço militar, desempenhou o cargo de guarda do mercado União e da praça Académica.
Sebastião de Abreu. Foi guarda da alfândega e faleceu a 15 de Setembro de 1855.
Morgado Antonio Francisco da Câmara Leme Homem de Vasconcelos, que partiu da Madeira para Inglaterra e de ali para a ilha Terceira, onde se incorporou na expedição comandada por D. Pedro. Morreu no Porto em idade pouco avançada e era pai do conde de Canavial.
Dos trinta e quatro liberais cujos nomes ficam mencionados, cremos que só os dezassete ou dezoito primeiros fizeram parte da expedição de 7:500 bravos com que D. Pedro desembarcou nas praias do Mindelo no dia 8 de Julho de 1832. Com relação aos restantes, nenhumas provas temos de que se incorporassem na referida expedição, embora saibamos que foram também soldados devotados da liberdade, pela qual combateram durante toda a campanha ou grande parte dela. Cerca de cem madeirenses desembarcaram com D. Pedro em Portugal, tendo muitos deles, talvez a maior parte, perdido a vida nos campos de batalha.
A 4 de Abril de 1832 foi a ilha do Porto Santo ocupada por uma força de 60 praças, sob o comando do capitão Bento José de Oliveira, vinda dos Açores no brigue de guerra Conde de Vila Flôr e na escuna Terceira, e no dia 7 aportou á mesma ilha a fragata D. Maria II, trazendo a seu bordo o almirante Sertorio, o general Luiz da Silva Mousinho de Albuquerque, o deão da Sé do Funchal, Januario Vicente Camacho, e outros constitucionais.
A ocupação durou até 25 de Maio, embarcando a referida força nesse dia para os Açores, acompanhada de 104 voluntários que tinham fugido da Madeira para o Porto Santo a fim de se incorporarem nas tropas que D. Pedro estava organizando para combater a rude tirania de D. Miguel.
Sabe-se pelo que dizem os anais do Município de Machico, que entre esses voluntários se achavam José de Almada, Lomelino de Carvalho, Henrique Fernandes e Venancio de Mendonça, mas é de presumir que também fizessem parte do referido grupo de liberais os madeirenses Cândido Cabeça, Broegas, Ramos, Toribio de Freitas, J. e M. Camacho, Luiz V. da Silva, Atanasio Nunes e Xavier da Costa, embora os jornais e os documentos oficiais que compulsámos nos não,transmitam noticia alguma a tal respeito.