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Azevedo (Dr. Alvaro Rodrigues de)

Nasceu em Vila Franca de Xira a 20 de Março de 1825 e era filho de Antonio Plácido de Azevedo, natural de Benavente, e de D. Maria Amelia Ribeiro de Azevedo. Tendo-se chamado a princípio José Rodrigues de Azevedo, mudou de nome ao entrar na Universidade, onde frequentou a faculdade de direito, cujo curso concluiu em 1849. Vindo em seguida para Lisboa, esteve aí cerca de seis anos, passando depois a esta ilha a fim de tomar conta da cadeira de oratória, poética e literatura do nosso liceu, que conquistara em concurso publico. Antes disso pretendera, mas sem resultado, ser despachado para um logar na magistratura judicial. O Dr. Azevedo regeu com a maior proficiência e brilho a referida cadeira, durante vinte e seis anos, retirando em Janeiro de 1881 para Lisboa, onde fixou residência. Foi também durante alguns anos professor de português e recitação do nosso liceu, e em 1856, por ocasião da epidemia da colera-morbus, prestou relevantes serviços á cidade no desempenho do cargo de administrador do concelho. Foi ainda procurador á Junta Geral e membro do Concelho de Distrito e da Comissão Administrativa da Santa Casa da Misericordia do Funchal. Em 1870 recusou o cargo de secretario geral do distrito e a comenda da Conceição. O Dr. Azevedo tomou parte activa, como membro do partido reformista, nas lutas que houve na Madeira em 1868, revelando-se por essa ocasião político hábil, tolerante e de aspirações liberais. Colaborou em muitos jornais e foi um dos redactores da Discussão e da Madeira, tendo publicado no primeiro destes periódicos um artigo de critica literária sobre o Bosquejo Histórico de literatura classica, grega, latina e portuguesa, de Antonio Cardoso Borges de Figueiredo. Publicou também nos números 181 a 183 do Diário de Noticias desta cidade um interessante estudo intitulado A Casa em que Christovâo Colombo habitou na Ilha da Madeira. São dele as seguintes obras: 0 Livro d'um Democrata ( Coimbra, 1848); Esboço critico-literario (Funchal, 1866); Curso Elementar de Recitaçao (Funchal, 1869); e Romanceiro do Archipelago da Madeira (Funchal, 1880). Publicou também o manuscrito de Gaspar Frutuoso intitulado Saudades da Terra, na parte respeitante ao arquipelago da Madeira, enriquecendo-o com muitas notas destinadas a esclarecer certos pontos da nossa historia. Estas notas, fruto de pacientissimos estudos e investigações, são, no nosso entender, o mais valioso trabalho do Dr. Azevedo. Os artigos Machico, Machim, Madeira e Maçonaria na Madeira, publicados no Diccionario Universal Portuguêz, dirigido por Fernandes Costa, são do Dr. Azevedo, o qual escreveu também quando ainda bastante novo, um drama intitulado Miguel de Vasconcellos. Por causa deste drama, que não chegou a ver a luz da publicidade, teve de sustentar uma polémica um tanto azeda por meio da imprensa com o distinto bibliografo e publicista, o falecido Inocencio Francisco da Silva. O Dr. Azevedo foi um distinto jurisconsulto, e no tribunal muitas vezes se revelou orador eloquente e argumentador astuto e hábil. Possuía uma voz mal timbrada, mas supria este defeito com a sua verbosidade fácil e o seu muito saber das coisas jurídicas. Como professor, foi dos mais distintos e zelosos que teve o nosso liceu, e como escritor, distinguiu-se sempre pela sua prosa vernácula e pela facilidade com que manejava a língua. 0 Dr. Alvaro de Azevedo tem o seu nome indissoluvelmente ligado á historia da Madeira pelo assinalado e nunca assaz encarecido serviço que prestou a este arquipelago com a publicação das Saudades da Terra e especialmente pelas eruditas e valiosissimas anotações com que enriqueceu o texto de Gaspar Frutuoso (V. Saudades da Terra) O Romanceiro do Archipelago da Madeira (V. este nome), os artigos já citados, que ocupam cerca de 100 paginas do grande Diccionario Universal Português Ilustrado, a comedia de costumes madeirenses A familia do Demerarista e o Almanach para a Ilha da Madeira, para os anos de 1867 e 1868, são ainda outros poderosos motivos que inteiramente justificam o reconhecimento desta terra para com a memória do distinto advogado e professor. Além dos seus importantes e valiosos trabalhos sôbre a Madeira

nada há entre nós que recorde ás gerações futuras a sua grata memória, sendo de inteira justiça que o seu nome benemérito ficasse perpetuado ao menos na esquina duma rua, já que não se torna fácil nem talvez possível prestar lhe mais condigno e merecido preito e homenagem.

O Dr. Alvaro Rodrigues de Azevedo faleceu em Lisboa a 6 de Janeiro de 1898. V. Koebel.

Pessoas mencionadas neste artigo

Antonio Cardoso Borges de Figueiredo
Autor do Bosquejo Histórico de literatura classica, grega, latina e portuguesa
Antonio Plácido de Azevedo
Pai de Alvaro Rodrigues de Azevedo
D. Maria Amelia Ribeiro de Azevedo
Mãe de Alvaro Rodrigues de Azevedo
Dr. Alvaro Rodrigues de Azevedo
Falecido em Lisboa a 6 de Janeiro de 1898
Gaspar Frutuoso
Autor do manuscrito Saudades da Terra

Anos mencionados neste artigo

1825
Nascimento de Alvaro Rodrigues de Azevedo
1849
Conclusão do curso de direito na Universidade
1856
Prestação de serviços durante a epidemia da colera-morbus
1868
Participação ativa nas lutas na Madeira como membro do partido reformista
1870
Recusa do cargo de secretario geral do distrito e da comenda da Conceição
1881
Retirada para Lisboa
1898
Falecimento do Dr. Alvaro Rodrigues de Azevedo