História

Vaz da Veiga (Tristão)

Ainda em vida do capitão-donatario de Machico D. Francisco de Portugal, conde de Vimioso, contemplou D. Filipe II com aquela capitania a Tristão Vaz da Veiga a 25 de Fevereiro de 1582 e, a 19 de Outubro de 1585, nomeava-o governador geral deste arquipélago, tendo tomado posse deste cargo a 22 de Novembro do mesmo ano. Era a paga da traição que Tristão Vaz da Veiga fizera à sua pátria.

Diz Gaspar Frutuoso que de seus «heróicos feitos e gloriosas vitorias está cheio o céu e a terra, desde o Japão até á China, de Malaca até ao Ganges, do Ganges até ao Tejo e do Tejo até os limites do mar e da terra». Muitos autores se ocupam de Tristão da Veiga e são todos unânimes em enaltecer-lhe o valor guerreiro e as acções heróicas que praticou, consagrando-lhe o autor das Saudades da Terra cinquenta longas paginas com o mais caloroso e alevantado panegirico. Mas depois de tantas façanhas gloriosas, que sobremaneira contribuíram para levantar o prestigio do nome português no Oriente, Tristão Vaz denegriu a memória dos seus feitos, bandeando-se com os inimigos da sua pátria e entregando vil e traiçoeiramente a fortaleza de S. Julião da Barra, que guardava a entrada da barra de Lisboa, apressando assim a queda de Portugal sob o jugo castelhano.

Diz Pinheiro Chagas que o «novel governador, que já anteriormente vendera a D. António Prior do Crato os seus serviços, não hesitou em entregar ao general espanhol as chaves marítimas de Lisboa pela módica recompensa duma renda anual de três mil cruzados e a vila de Machico na Ilha da Madeira».

Esta recompensa foi acrescentada, como já fica dito, com o importante cargo de governador-geral do arquipélago da Madeira e não sabemos se outras pagas teria recebido pela sua vilíssima traição.

Foi o terceiro governador-geral deste arquipélago durante a dominação espanhola, e força é confessar que no desempenho deste lugar prestou excelentes serviços, sobretudo em afastar com prontos e enérgicos socorros as tentativas de vários navios corsários, que por vezes pretenderam assaltar esta ilha.

Tristão Vaz da Veiga era bisneto de João Gonçalves Zargo e neto de D. Beatriz Gonçalves da Câmara, filha do descobridor, que casou com Diogo Cabral. Morreu em 1604 ou pouco antes, com cerca de 67 anos de idade.

Pessoas mencionadas neste artigo

Tristão Vaz da Veiga
Terceiro governador-geral do arquipélago da Madeira durante a dominação espanhola

Anos mencionados neste artigo

1582
Contemplação de D. Filipe II com a capitania a Tristão Vaz da Veiga
1585
Nomeação como governador geral deste arquipélago
1604
Morte de Tristão Vaz da Veiga