HistóriaArquitetura

São Tiago (Igreja de)

A construção da igreja de São Tiago foi determinada pelo voto solene (V. Voto a São Tiago que as autoridades, clero e povo do Funchal fizeram no ano de 1523, por ocasião de encontrar-se esta ilha «posta em muyta tempestade & tribulaçom de peste & fome & outros muytos trabalhos...». No dia 21 de Julho do ano referido, se lançou a primeira pedra do edifício, dizendo um documento coevo do sucesso que aos «bymte & hun dias de julho lhe começarom a sua casa himdo a çidade e o cabido em proçisom solene descalçados & o Mestre schola Gonçalo Martim com o retábulo da imagem do bem auemturado apóstolo & deo a primeira enchadada no cunhall da capella da bamda do abamgelho, a qual casa se edificou em hua terra que Antonio Spindola deo para a dita casa...». Acerca deste Antonio Espinola, diz a Historia Insulana que era natural de Génova e descendia das mais antigas familias desta cidade, e que contava no numero dos seus maiores alguns Doges daquela republica. Deu-lhe «El-rei D. Manuel brasão de armas e foro de fidalgo da sua casa. Teve terras dadas de sesmaria em Santiago e outros logares; e doou por escriptura de 30 d'Abril de 1524 um pequeno terreno na extremidade da cidade, no qual se construiu a capella de Santiago, Padroeiro de toda a ilha, a sachristia e adro, com condição de que na mesma se desse sepultura ás pessoas de sua família, e o capellão pedisse um Padre Nosso, e Ave-Maria por sua alma. A escriptura foi feita em pergaminho e existe no archivo do Cabido do Funchal». A igreja de São Tiago, chamada hoje do Socorro, onde em 1803 se instalou a sede da freguesia de Santa Maria Maior, não é a primitiva construção, da qual nada resta presentemente e que era de dimensões muito mais acanhadas do que a actual. Sofreu anos depois importantes reparações e foi benzida pelo bispo diocesano D. Jeronimo Fernando a 25 de Julho de 1632. Um século mais tarde, estando a capela bastante arruinada, resolveu a Câmara do Funchal construir um templo de maiores proporções, tendo sido a velha ermida demolida em 1752 e dadas por concluídas as obras no ano de 1768. Quando a grande aluvião de 1803 arrastou para o mar a igreja de Nossa Senhora do Calhau (V. este nome), foi a igreja de São Tiago cedida pela câmara para servir de sede da paróquia, com a condição de ali ser sempre conservada a imagem do orago e padroeiro da cidade. No frontispício da igreja foi então colocada uma lápide, que ainda ali se conserva, e que, contém a seguinte inscrição: Hic lapis indicat liberalitatem senatus et populi hance cclesiam Fidelissimo Principi Regenti offerentium in locum parochiae per inundationem aquarum destructae Anno Domini MDCCCIII. Vid. Padroeiros.

Pessoas mencionadas neste artigo

Gonçalo Martim
Mestre schola

Anos mencionados neste artigo

1523
Voto solene
1803
Grande aluvião