Rodrigues (Manuel)
Teve este nosso patrício uma vida bastante movimentada, segundo vemos em algumas obras que dele se ocupam. Nasceu no Funchal a 25 de Novembro de 1697 e morreu em Lisboa na segunda metade do século XVIII, em ano que não podemos precisar, sendo filho de Francisco Maria dos Ramos e de D. Josefa Maria Pereira. Tende 15 anos de idade, embarcou para o Rio de Janeiro para a companhia de seu tio o capitão Manuel Neto Barreto. Matriculou-se no seminário da Cachoeira, revelando-se um estudante muito talentoso. Em 1715, alistou-se no regimento do mestre de campo Manuel de Almeida Castelo, e seguiu para a colónia do Sacramento. Pouco depois, abandonou o exército e entrou na ordem de S. Francisco, e nela professou em 1719, tendo estudado filosofia e teologia no convento de Córdova, no interior da Argentina. Acompanhou Fr. José de Cardena numa viagem á província de Santa Fé e percorreu outros países. Tendo conhecimento da morte de seu pai e do desamparo em que haviam ficado suas três irmãs, partiu sem demora para Lisboa, afim de servir-lhes de arrimo. Como diz o autor do artigo do Missionário Popular, devia ter tido Manuel Rodrigues uma vida «aventurosa e provavelmente tempestuosa, porque não foi de certo um simples acaso que o fez sucessivamente seminarista no Rio de Janeiro, cabo de esquadra na colónia de Sacramento; franciscano em Buenos Aires, aluno de filosofia em Córdova e pregador em Lisboa! Na capital, dedicou-se ao ministério da prédica e granjeou a fama dum dos mais laureados oradores do seu tempo. Barbosa Machado e Inocêncio trazem a enumeração dos muitos sermões e discursos que publicou, no período decorrido de 1732 a 1757, contando-se entre estes a oração fúnebre que proferiu por ocasião da morte de D. João V.