Geografia

Quintas

Parece-nos que a palavra quinta tem entre nós uma significação especial, que notavelmente a distingue do sentido em que em geral é tomada no resto do nosso país. Este termo, na Madeira, costuma designar uma propriedade rústica e urbana, de maior ou menor extensão, murada em todo o seu perímetro ou ao menos numa parte considerável dele, contendo sempre uma boa casa de habitação, rodeada de jardins e passeios assombreados com maciços de árvores. Dá-lhe acesso uma porta gradeada de ferro, de certo aparato arquitectónico, comunicando com um passeio, que directamente conduz á residência. Muitas quintas há que abrangem terrenos cultivados de vinha e cana-de-açúcar, hortas, pomares e arvoredos. Algumas delas possuem construções destinadas a diversos serviços agrícolas, estábulos e habitações dos caseiros, tendo as mais antigas, além da casa nobre de moradia, uma capela adjunta, outrora para uso privativo dos seus proprietários.

A mais importante e sumptuosa quinta desta ilha é a do Palheiro Ferreiro, de que já demos a noticia a páginas 43 deste volume, e a seguir é a chamada Quinta do Monte, na freguesia deste nome de que também já noutro lugar nos ocupámos (Volume II, página 461).

Depois destas, merecem referência especial a Quinta Lambert (Ver este nome) e a da Vigia, a das Cruzes (Ver Moradias de Zargo ); a de S. João, na rua das Maravilhas, antigo solar dos morgados de S. João, tendo o seu actual proprietário, dr. Rui Bettencourt da Câmara, feito ali edificar a capela de Nossa Senhora do Amparo e dos Remédios no ano de 1940, a do Vale, na rua do Vale Formoso, que possuiu noutras épocas curiosas plantas de que se ocuparam o Dr. Lippold, em 1838, e o Dr. Heer, em 1852, sendo o Dr. Grabham o seu actual proprietário (1921); a da Levada e a de Santa Luzia, esta pertencente á família Blandy e aquela á família Cossart; a da Palmeira, pertencente a H. Hinton e de cuja vegetação se ocupou Harcourt (Ver este nome); a da Mãe dos Homens, no Caminho do Meio que é proprietário o visconde de Cacongo; a quinta Magnolia, á travessa do Dr. Pita; a quinta Olavo, ao caminho dos Saltos; a quinta Pavão, na rua da Imperatriz; a das Maravilhas, no fim da rua deste nome; a do Til, no caminho deste nome; a do Deão, também denominada quinta Stoddart por nela ter residido o cônsul inglês deste nome e á qual os inglêses costumam chamar The Deanery (V. Junta Governativa); a da Achada, no caminho deste nome, pertencente outrora á família inglesa Penfold; a da Bela Vista, no sitio da Nazaré, em S. Martinho, a quinta Sant'Ana, no caminho do Monte, hoje propriedade do Governo por ter feito parte dos bens da Companhia dos Sanatórios; as quintas do Prazer e de Belo Monte, em Nossa Senhora do Monte, que foram ambas propriedade do antigo cônsul inglês Murray e pertencem, hoje a primeira a Alfredo Guilherme Rodrigues, que nela tem instalado o «Monte Palace Hotel» (1921) a quinta das Laginhas, a da Cova e a do Pico da Pedra, todas três na mesma freguesia; a do Miradouro, na Choupana; a da Choupana, que se diz ter dado o nome ao local onde está situada, a do Visconde de Cacongo, no mesmo sitio; a do Pico do Infante; a de Vale Paraíso, pertencente ao visconde deste título e que é das mais belas e vastas da freguesia da Camacha, havendo sido o seu primeiro proprietario o inglês Randall; a quinta Ornelas, acima da igreja da mesma freguesia e pertencente ao actual representante dos morgados do Caniço (1921); a dos Tanquinhos, no Caminho do Palheiro, que é propriedade dos herdeiros do Dr. José Antonio de Almada; a da Alegria, no sítio deste nome, em São Roque, pertencente aos condes de Torre Bela; a do Barão da Conceição, no Caniço, pertencente ao Dr. Nuno Ferreira Jardim (1921); as quintas do Seixeiro, Aloisio, Bianchi e Serrado das Ameixeiras, em Santo Antonio da Serra; etc., etc..

Pessoas mencionadas neste artigo

Alfredo Guilherme Rodrigues
Proprietário da quinta do Prazer e de Belo Monte
Condes de Torre Bela
Proprietários da quinta da Alegria
Dr. Grabham
Proprietário da quinta do Vale em 1921
Dr. Heer
Ocupou-se de curiosas plantas da quinta do Vale em 1852
Dr. José Antonio de Almada
Proprietário da quinta dos Tanquinhos
Dr. Lippold
Ocupou-se de curiosas plantas da quinta do Vale em 1838
Dr. Nuno Ferreira Jardim
Proprietário da quinta do Barão da Conceição
H. Hinton
Proprietário da quinta da Palmeira
Harcourt
Ocupou-se da vegetação da quinta da Palmeira
Murray
Antigo cônsul inglês e proprietário das quintas do Prazer e de Belo Monte
Randall
Primeiro proprietário da quinta de Vale Paraíso
Rui Bettencourt da Câmara
Proprietário da quinta de S. João
Visconde de Cacongo
Proprietário da quinta Mãe dos Homens

Anos mencionados neste artigo

1838
Dr. Lippold ocupou-se de curiosas plantas da quinta do Vale
1852
Dr. Heer ocupou-se de curiosas plantas da quinta do Vale
1921
Monte Palace Hotel instalado na quinta do Prazer
1940
Construção da capela de Nossa Senhora do Amparo e dos Remédios na quinta de S. João