Presidente da Republica
O Presidente da Republica dr. António José de Almeida esteve no Funchal no dia 9 de Outubro de 1922, tendo chegado ao nosso porto a bordo do vapor inglês Arlanza, em viagem do Rio de Janeiro para Lisboa, ás 7 horas da manhã.
As 6 horas, houve uma salva de granadas para anunciar que o vapor estava á vista, ás horas uma girandola de foguetes para indicar que ele havia chegado e ás 8 horas deu a fortaleza de São Tiago uma salva de 21 tiros, realizando-se o desembarque cerca das 10 horas e meia, no cais da Pontinha, em razão do mar se achar bastante agitado e ser difícil atracar ao cais em frente da avenida de Gonçalves Zargo. Ao principio desta avenida fora levantado um soberbo arco de triunfo, revestido de buxo, no qual se via a dupla fotografia do Presidente da Republica e no alto o seguinte dístico: Suprema incarnação da Pátria. Ao lado estavam as quinas envoltas em verde-rubro.
Ao Presidente da Republica, foram prestadas as competentes honras militares junto do cais da Pontinha, por uma força de marinha do contra-torpedeiro Guadiana, fazendo Sua Exa. em automóvel o trajecto desde aquele ponto até o palácio de S. Lourenço, seguido das varias entidades oficiais que tinham ido cumprimentá-lo.
Em toda a estrada da Pontinha e entrada da cidade, via-se uma enorme multidão, sendo queimadas três grandes girândolas de granadas e de foguetes durante o trajecto, e dando a bataria de artilharia, que se havia postado perto do pilar de Banger, uma salva de 21 tiros ao chegar o Chefe da Nação ao arco de triunfo levantado no principio da avenida de Gonçalves Zargo. Antes disso, tinha uma força de infantaria n.° 27, que formara junto da praça do Marquês de Pombal, prestado a Sua Exa. as honras militares que lhe eram devidas.
Próximo do cais, foi ao encontro do Chefe de Estado, afim de cumprimentá-lo, a Câmara Municipal, fazendo-lhe o Presidente desta corporação a entrega das chaves da cidade, que não foram aceitas «por se acharem em boa mão». A esta cerimonia, seguiram-se os cumprimentos do Prelado Diocesano, dos Juízes de Direito, Delegados e outros funcionários judiciais, do Juiz Auditor, etc..
Ao chegar o Chefe do Estado ao palácio de São Lourenço, fez-se ouvir o hino nacional, proferindo aí o Governador Civil um pequeno discurso, que Sua Exa. agradeceu.
O Governador Civil acompanhou sempre o Chefe do Estado, tendo ido cumprimentá-lo a bordo do Arlanza, mal este fundeou.
Á recepção no Palacio de São Lourenço, seguiu-se a visita aos Paços do Concelho, lendo aí o dr. Teixeira Jardim, Presidente da Camara, uma bela alocução, a que respondeu o Chefe do Estado. A guarda de honra no edifício foi feita pelos bombeiros voluntarios.
Partindo depois em combóio oferecido pela Companhia do Caminho de Ferro para o Terreiro da Luta, lendo aí o dr. Teixeira Jardim, Presidente da Camara, uma bela alocução, a que respondeu o Chefe do Estado. A guarda de honra no edifício foi feita pelos bombeiros voluntarios.
Partindo depois em combóio oferecido pela Companhia do Caminho de Ferro para o Terreiro da Luta, aí lhe foi oferecida uma taça de champanhe e outra de vinho Madeira, tendo-se mostrado Sua Exa. verdadeiramente entusiasmado com os soberbos panoramas que se desfrutam dessa bela estancia, como claramente o significou nalgumas linhas que escreveu numa fôlha de papel que lhe foi apresentada e se acha devidamente arquivada.
No regresso á cidade, que teve lugar cerca de uma hora da tarde, em carros de verga, visitou o sr. Presidente da Republica o edifício da Junta Geral; onde lhe foi oferecida uma taça de champanhe. Ás saudações que lhe dirigiu o dr. Tolentino da Costa, ilustre Presidente daquela corporação, respondeu Sua Exa. com um pequeno discurso em que mais uma vez revelou os seus dotes oratórios e o prestigio do seu talento.
Cerca das duas horas da tarde, houve um almoço no palácio de S. Lourenço, ao qual assistiram entre outras pessoas, o Prelado Diocesano, o Governador Civil, os dois Presidentes da Camara Municipal, o Comandante Militar, o Capitão do Porto, o Presidente da Junta Geral, Antonio Luís Gomes, ex-embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Antonio Correia, ex-ministro dos Estrangeiros e das Finanças, o general Bernardo Faria, o almirante Neuparth, o dr. João de Barros, o dr. Juvenal de Araújo, o dr. Manuel A. Martins, o Administrador do Concelho, os consules do Brasil, dos Estados Unidos da America e da Inglaterra, etc., etc.. O Governador Civil e o Prelado Diocesano ergueram brindes ao Chefe do Estado, os quais Sua Exa. agradeceu.
Ao almoço, seguiu-se um passeio ao sitio da Cancela, em que tomaram parte 21 automóveis, embarcando Sua Exa. pelas 5 horas da tarde e sendo o escaler que o conduziu a bordo acompanhado de muitas embarcações com muito povo, que o aclamava entusiasticamente.
O Governador Civil e o Prelado Diocesano acompanharam o Chefe do Estado até bordo do Arlanza, tendo este vapor saído do porto do Funchal em direcção a Lisboa, cerca das 5 horas e meia da tarde.
Ao voltar do passeio á Cancela, dirigiu-se o Presidente da Republica ao palácio de S. Lourenço onde se achava o Prelado Diocesano, que foi convidado por Sua Exa. a acompanhá-lo no seu automovel até a Pontinha.
Com o Chefe do Estado, vinham também do Brasil os já citados António Luís Gomes, Francisco António Correia, general Bernardo de Faria, almirante Neuparth, dr. João de Barros, etc., que tomaram parte em todas as festas que se realizaram no Funchal em honra de Sua Exa.