Portugal (D. Martinho de)
Foi o segundo prelado desta diocese e o primeiro e único arcebispo do Funchal. Embora por bastardia pertenceu a uma das mais antigas e nobre famílias do reino, sendo próximo parente do monarca D. João III, de quem foi valido e conselheiro. Nasceu em Évora no ultimo quartel do século XV e morreu em Lisboa a 15 de Novembro de 1547.
Não sabemos se foi devido ás suas relações pessoais e parentesco com a casa real ou aos meritos proprios que porventura possuisse que exerceu os mais altos cargos e desempenhou importantes missões diplomáticas, como representante de D. João III, em Roma, e núncio e embaixador do papa, em Lisboa, além de ter sido bispo de Viseu e haver ocupado outros elevados cargos na corte. Foi um dos diplomatas que D. João III encarregou de negociar em Roma o estabelecimento do tribunal da inquisição, referindo-se Alexandre Herculano largamente a este prelado na sua obra Da origem e estabelecimento da inquisição em Portugal. O grande
historiador, que neste trabalho se mostrou duma grande parcialidade, como hoje geralmente todos reconhecem, faz de D. Martinho de Portugal o pior conceito, chegando a dizer dele que «era um homem sem moral e sem crenças, para quem a religião não passava dum instrumento politico.
O arcebispado do Funchal foi estabelecido em 1533 e extinto em 1551. Os motivos que determinaram esta criação, as datas das Bulas que o instituíram e as circunstâncias que se deram nessa criação, ficaram sumariamente expostos no artigo Arcebispado (Vol. I, pag. 77) para onde remetemos o leitor.
D. Martinho de Portugal, ocupado no desempenho de outros cargos, nunca visitou a sua arquidiocese. Enviou a esta llha D. Ambrosio Brandão, bispo titular de Rociona, que aqui se demorou aproximadamente um ano, de 1538 a 1539, no exercício das suas funções episcopais. Enviou também os visitadores Jordão Jorge e Álvaro Dias, que se ocuparam da observância da disciplina canonica.