SociedadeHistória

Asilo da Infância

Ao primeiro governador da Madeira no periodo do constitucionalismo, o ilustre Luiz da Silva Mousinho de Albuquerque, se deve o estabelecimento dum asilo, que parece ter sido o segundo que neste genero se criou no nosso país. A pesar de ser muito curto o periodo do seu governo, pois apenas durou de Agosto de 1834 a Setembro de 1835, não descurou nenhum ponto essencial da administração publica, e ainda teve a iniciativa da criação dum asilo para a orfandade desvalida do Funchal, encontrando em sua esposa D. Ana Mascarenhas de Ataíde a mais activa e eficaz colaboradora da benemérita obra que empreendera. A ideia, que era nova e vinha satisfazer uma grande necessidade publica, teve a mais geral aceitação e foi saudada por toda a população funchalense com o mais entusiástico alvoroço, que infelizmente não durou muito.

Quatro meses depois da chegada de Luiz Mousinho a esta ilha, isto é por meados de Dezembro de 1834, começou a funcionar o novo estabelecimento de caridade, que ficou provisoriamente instalado nalgumas das dependências do palácio de São Lourenço, sob as vistas imediatas e sob a solicita e carinhosa direcção dos seus próprios fundadores. Chegou a albergar 120 crianças e manteve-se em estado de relativa prosperidade durante o tempo em que os seus iniciadores permaneceram nesta ilha. Foi ainda devido ao impulso inicial que por portaria de 13 de Janeiro de 1836 se obteve uma casa situada no Campo da Barca e pertencente á Fazenda Nacional, para a mudança do asilo, que ali funcionou alguns anos e que deixou de existir em época que não podemos precisar com inteira exactidão. Depois da ausência de Luiz Mousinho de Albuquerque e de sua dedicada e benemérita esposa, começou a definhar-se lentamente a obra que eles com tanta dedicação a carinho tinham criado, até que completamente se extinguiu, deixando apenas da sua existência a memória abençoada dos seus ilustres fundadores.

José Silvestre Ribeiro considerava-se, na fundação do Asilo da Mendicidade do Funchal apenas o continuador da obra de Mousinho, e ainda hoje, no vestíbulo do edifício do mesmo asilo se encontram duas telas, já bastante danificadas pelo tempo, representando Luiz da Silva Mousinho de Albuquerque e sua esposa D. Ana de Mascarenhas e Ataíde, que devem ser ali religiosamente conservadas e também retocadas convenientemente.

Projecto de um Asilo nas Angústias. Em 1837, de novo a Câmara Municipal do Funchal tomou a deliberação de fundar um asilo para recolher os velhos e inválidos que mendigam pelas ruas da cidade. Tendo comunicado ao governo central esta resolução foi por ele louvada em portaria de 7 de Junho de 1838. Para a realização desta alevantada e humanitária ideia, tratou a vereação sem demora da construção dum edifício apropriado, tendo sido escolhido o terreno onde hoje se encontra o Asilo da Mendicidade e Orfãos, que o primeiro Conde do Carvalhal cedera para esse fim pouco antes da sua morte. Os trabalhos de construção, realizados segundo o plano e projecto elaborados pelo director das obras publicas, engenheiro Vicente de Paula Teixeira, começaram no dia 8 de Agosto de 1837, tendo o município dispendido nessa construção aproximadamente treze contos de reis. O edifício ficou quási concluído, mas não teve a aplicação para que primitivamente fora destinado. Não chegou a abrir as suas portas aos asilados porque a vereação que tomara aquela iniciativa ou a que lhe sucedeu nas cadeiras camarárias abandonou a ideia da criação do asilo, por motivos que inteiramente desconhecemos.

Pessoas mencionadas neste artigo

D. Ana Mascarenhas de Ataíde
Esposa de Luiz da Silva Mousinho de Albuquerque
Luiz da Silva Mousinho de Albuquerque
Primeiro governador da Madeira no periodo do constitucionalismo