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Pereira (Joâo Augusto)

Nasceu na vila da Ribeira Brava a 26 de Maio de 1857, sendo filho de Antonio de Sousa da Silva Pereira e de D. Luísa da Conceição Pereira, e frequentou o liceu do Funchal e as antigas Escolas Politecnica e do Exército, tendo sido despachado 2.° tenente de artilharia a 7 de Janeiro de 1885. Serviu em Vendas Novas onde foi também professor da Escola Pratica de Artilharia, tendo passado daí para o Funchal, onde prestou serviço como subalterno e mais tarde, depois de despachado capitão, como comandante da companhia n.° 3 de artilharia de guarnição. Foi também comandante do material de guerra na ilha da Madeira, tendo-se revelado em todos os serviços e comissões militares que desempenhou, um oficial muito inteligente, brioso e disciplinador.

João Augusto Pereira representou a Madeira em côrtes nas legislaturas de 1900, 1902-1904, 1904, 1905-1906, 1900-1907 e 1908-1910, tendo sido êle quem, na sua estreia politica em 1900 na Camara dos Deputados, chamou a atenção do governo para a necessidade da conclusão das levadas de irrigação da nossa ilha. O seu discurso mereceu referencias elogiosas do então ministro das Obras Publicas, o falecido conselheiro Elvino de Brito.

Na mesma sessão legisiativa tomou parte activa na discussão do projecto por êle apresentado e assinado por outros deputados, relativo à transformação dos serviços das mencionadas levadas, tendo sido êle também quem apresentou em, 1900 o primeiro projecto de lei pedindo a autonomia administrativa para a Madeira, que não chegou a ser votado pelo facto do governo ter caido nessa ocasião.

Ao deputado João Augusto Pereira se deve a autorização concedida á Camara Municipal do Funchal para contrair com a Caixa Geral dos Depositos um emprestimo de 400 contos para as despesas com as obras de canalização de esgotos e aguas potaveis do Funchal, serviço este relevantissimo, mas de que algumas vereações não souberam tirar o devido proveito, e a êle se deve também o estabelecimento da rêde telefonica no Funchal, a conservação da divisão comarca do arquipélago, ainda em vigor, que alguém tinha vontade de alterar, etc., etc..

Dos muitos discursos do deputado João Augusto Pereira, só foi publicado nesta cidade o que êle proferiu na sessão de 17 de Março de 1903 sôbre o estado anárquico do distrito do Funchal.

Foi professor provisorio do liceu do Funchal e um dos redactores do antigo Diario Popular e do Diario da Madeira, tendo ocupado um lugar eminente na imprensa madeirense, entre os jornalistas do seu tempo. O extinto partido progressista, em que sempre militou, ficou-lhe devendo assinalados serviços, tendo sido um dos mais valiosos cooperadores de seu sogro, o falecido conselheiro Manuel José Vieira, que, por largos anos, foi entre nós o chefe do mesmo partido.

João Augusto Pereira abandonou a politica depois da proclamação da Republica no nosso país, tendo sido durante os ultimos quinze anos do regimen monarquico um dos homens que gozaram de maior influencia e prestigio neste distrito, e que defenderam com mais desinteresse as necessidades do arquipélago.

Faleceu nesta cidade a 22 de Junho de 1915, sendo então major de artilharia, reformado.

Pessoas mencionadas neste artigo

Antonio de Sousa da Silva Pereira
Pai de João Augusto Pereira
D. Luísa da Conceição Pereira
Mãe de João Augusto Pereira
Elvino de Brito
Ministro das Obras Publicas

Anos mencionados neste artigo

1857
Nascimento de João Augusto Pereira
1885
João Augusto Pereira despachado 2.° tenente de artilharia
1900
João Augusto Pereira representou a Madeira em côrtes nas legislaturas
1903
Discurso de João Augusto Pereira sôbre o estado anárquico do distrito do Funchal
1915
Falecimento de João Augusto Pereira