Sociedade

Orfãs (Recolhimento das)

Foi fundado em 1725 pelo Governador e Capitão-General Francisco da Costa Freire, com o produto de esmolas, tendo sido inaugurado com 4 órfãs, que tiveram logo uma regente, uma porteira e uma criada. Mais tarde elevou-se a 6 o numero das recolhidas, tendo com o tempo sido recebidas também no estabelecimento outras senhoras, entre as quais algumas viúvas e outras casadas, todas mediante a promessa do pagamento de pensões nunca inferiores a 30$00 réis anuais, as quais nem sempre eram pagas.

O estabelecimento regeu-se por largo tempo pelo chamado Compromisso de Lisboa, que entre varias disposições, só permitia a admissão de órfãs de 15 a 20 anos, além do possível número de senhoras nas condições já referidas; mas as próprias órfãs teriam de sair chegadas á maioridade, para darem lugares para novas admissões, persistindo deste modo função deste recolhimento.»

Em 1849, foi organizado um regimento próprio para o recolhimento, com oito artigos mas que não chegou a ter execução.

O conselheiro José Silvestre Ribeiro tentou transformar o Recolhimento das Órfãs numa casa pia independente, mas tal pensamento não vingou, apesar de ter encontrado um acolhimento favorável da parte de muita gente.

O Recolhimento das Órfãs, também chamado Orfanato ou Recolhimento de Santa Isabel, acha-se instalado numa casa contígua ao antigo Hospital, estando a cargo da Comissão da Misericórdia o abono dos subsídios que recebem as recolhidas. O número destas é actualmente (1921) de 16, havendo também uma regente, uma porteira e uma servente. A regente recebe 18 escudos mensais, a porteira, 15 e a servente, 5; quanto ás recolhidas, uma recebe 12$50 e outra 10$00, tendo as restantes subsídios variáveis entre 7$50 e 5$00 mensais. A comissão despende actualmente 140 escudos mensais com os subsídios ás 19 pessoas que residem no recolhimento (1921).

As despesas com o Recolhimento das Órfãs regularam por 631$42 em 1909-1910 e por 716$67 em 1913.

Em 1913, existiam ali 2 órfãs e 24 senhoras, recebendo aquelas 3 a 6 escudos mensais, segundo as circunstancias, para seu sustento e também dietas de carnes e leites. As recolhidas subsidiadas recebiam uma média mensal de 3$50, tendo duas delas a categoria de porteira e rodeira, pelo que recebiam mais a gratificação, também mensal, de 1$. Uma das órfãs era regente do Recolhimento, percebendo por isso $15 diários, além do mencionado subsidio.

A designação de Órfãs desapareceu da folha dos subsídios, só figurando ali agora 16 recolhidas, além da regente, da porteira e da servente (1921).

Pessoas mencionadas neste artigo

Francisco da Costa Freire
Governador e Capitão-General
José Silvestre Ribeiro
Conselheiro

Anos mencionados neste artigo

1725
Fundação do Recolhimento das Órfãs
1849
Organização de um regimento próprio para o recolhimento