Nossa Senhora das Neves (Capela de)
Referindo-se a esta capela, diz Frutuoso: «... está huma igreja de Nossa Senhora das Neves, á vista do Funchal, sobre huma ponta que se chama o Garajao, huma legoa antes de chegar á cidade.» É muito antiga e das poucas capelas do século XVI que ainda restam de pé, embora tenha sofrido algumas modificações no decorrer dos tempos. Foi fundada por João Afonso Mealheiro e sua mulher Catarina de Sá. Falando dele, diz o Dr. Rodrigues de Azevedo: « . . . foi um dos primeiros povoadores da ilha da Madeira, e teve sesmaria na Ribeira-Secca, de S. Gonçallo, até o Caniço. Sua mulher Catharina de Sá, ou Pires, fez o morgado das Neves, e o deixou a seu sobrinho, o almoxarife João Cabral; mas por parte da fazenda real foi o mesmo morgado vendido, para pagamento de alcance; comprou-o Lopo Machado de Goes, e de novo o instituiu seu filho Bartholomeu Machado». Lemos algures que em 1692 passou esta capela à posse de D. Guiomar Castelo Branco, filha de Gaspar Vilela e casada com Antonio Correia. No último quartel do século XIX, o comerciante inglês João Blandy fez compra desta capela e terras adjacentes a entestarem com a magnífica propriedade do Palheiro Ferreiro, também adquirida pelo mesmo comerciante. João Blandy fez importantes reparos na capela e alargou o respectivo adro. A capela das Neves deu o nome ao sítio, foi a sede dum curato e nela se instalou a paróquia de São Gonçalo, por ocasião da sua criação. A pág. 80 das Saudades da Terra, conta o ingénuo Gaspar Frutuoso a luta que nas proximidades desta capela teve um clérigo com o diabo, que tentou lançar ao mar o eclesiástico das alturas da rocha do Garajau.