Nossa Senhora da Consolação (Capelas de)
Álvaro de Ornelas, que notavelmente se distinguiu como navegador, e a quem os seus contemporâneos chamaram o Grande, teve vastas terras de sesmaria na freguesia do Caniço, que se estendiam desde o ribeiro do Garajau até a ribeira do Porto Novo e iam do mar á serra. Foi nelas que em 1499 instituiu um morgadio, cuja administração se transmitiu sempre de pai a filho e de que é actualmente representante o conselheiro Aires de Ornelas de Vasconcelos (1921). O instituidor estabeleceu como cláusula que esta casa vinculada «só podesse ser empenhada para resgatar o administrador que em serviço de Deus e do rei fosse captivo dos infieis.» Foi por 1591 que em terras deste morgadio fundou Aires de Ornelas de Vasconcelos a capela de Nossa Senhora da Consolação, que ainda existe e que é propriedade da família do fundador. Tornou-se a sede desta instituição vincular com a sua casa solarenga anexa, para onde o governador e capitão-general Sá Pereira desterrou em 1774 o morgado Agostinho António de Ornelas, que pouco depois ali faleceu a 5 de Agosto do mesmo ano, e foi sepultado na referida capela, lendo-se esta inscrição no mármore do seu jazigo: Sepultura de Agostinho António de Ornellas e Vasconcellos, moço fidalgo da Casa real, nono senhor deste morgado. 1718 a 1774. Esta capela fica no sítio ainda hoje chamado da Quinta, tomando este nome do solar anexo á mesma capela e a que já acima nos referimos.
A margem da estrada que ladeia a levada de Santa Luzia e quasi no ponto de intersecção dessa estrada com o caminho da Torrinha, se levanta a capela de Nossa Senhora da Consolação, onde, na quadra do verão, se celebram com grande brilho e muita afluência de povo as novenas e respectiva festividade. Ignoramos o ano da sua construção, mas presumimos que data dos fins do século XVI. Era de acanhadas dimensões e no ano de 1861 se procedeu á sua conveniente reconstrução e acrescentamento, tendo sido benzida no mês de Julho do referido ano. O frontal do altar, que é um antigo e excelente mosaico, pertenceu á igreja do convento de São Francisco. Fazia esta capela parte da freguesia do Monte, antes da criação da paróquia de Santa Luzia, em cuja área fica hoje situada.
Mais comummente conhecida pelo nome de capela do Foro, por ficar no sítio deste nome, é a capela de Nossa Senhora da Consolação da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, que foi vinculada e cujo ano de construção ignoramos. Realiza-se ali a festa e um concorrido arraial do povo das circunvizinhanças no primeiro de Novembro de cada ano. O Dr. Álvaro de Azevedo diz haver existido no sitio do Foro uma capela consagrada a Santiago, que não sabemos se será a mesma que deixamos mencionada ou outra distinta dela.
Nas proximidades da igreja paroquial da freguesia do Arco da Calheta ficava a capela de Nossa Senhora da Consolação, que foi fundada por Isabel de Abreu, nos princípios do século XVI.