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Nomes de Ruas

Em 19 de Junho de 1890, resolveu a Câmara, por proposta do vereador Dr. José Joaquim de Freitas, dar ás ruas que de futuro viessem a abrir-se os nomes de vários filhos ilustres desta terra, mas esta deliberação, apesar de bastante sensata, poucas vezes tem sido acatada, como facilmente se verifica percorrendo a cidade e lendo os nomes com que foram baptizadas ou crismadas modernamente diferentes vias publicas.

Para que o nome dum cidadão já falecido possa figurar na esquina duma rua, exige-se, entendemos nós, mais alguma coisa do que as simpatias dos vereadores pela memória do mesmo cidadão, pois que é preciso também que este enquanto vivo prestasse alguns serviços ao país ou à sua terra, sem o que tal homenagem se torna ridícula tanto para o homenageado como para quem a presta.

O Dr. Álvaro Rodrigues de Azevedo, o erudito anotador das Saudades da Terra, o homem que pelos seus trabalhos históricos tão digno se tornou do reconhecimento dos madeirenses, não tem o nome em nenhuma rua desta cidade, apesar de; em sessão da Câmara Municipal de 27 de Janeiro de 1898, ter declarado o presidente desta corporação desejar conferenciar com os seus colegas sobre a homenagem que a Municipalidade devia prestar àquele sábio professor, e tantos filhos ilustres desta terra, tais como Baltasar Dias, João António Monteiro, Nicolau Bettencourt Pita, Francisco de Paula Medina e Vasconcelos, Marceliano Ribeiro de Mendonça, Francisco de Andrade Justino António de Freitas, José Ferreira Pestana, Jaime Moniz, etc., etc., estão também esquecidos por efeito da ignorância ou da falta de espírito e de justiça das corporações administrativas!

Não é de aconselhar que se anule tudo quanto digno de critica ou de irrisão tem sido feito nos últimos trinta ou quarenta anos com respeito a denominação de ruas, para não aumentar a confusão que já hoje existe no tocante a este assunto (1921), mas entendemos ser da maior conveniência que de ora avante se cumpra o que foi resolvido em sessão camarária de 19 de Junho de 1890, sempre que se abra ou inaugure alguma rua ou via publica.

As câmaras municipais devem usar com a maior circunspecção do direito que lhes é concedido de baptizar ou crismar as ruas e caminhos do Concelho, não só para não dar uma ideia pouco lisonjeira da sua inteligência e do seu critério, mas também para evitar prejuízos aos seus munícipes, a muitos dos quais temos ouvido amargas queixas contra a substituição abusiva de antigos nomes dados a vias publicas por outros que nenhuma razão há para serem adoptados ou perpetuados (1921).

Pessoas mencionadas neste artigo

Baltasar Dias
Filho ilustre
Dr. José Joaquim de Freitas
Vereador
Dr. Álvaro Rodrigues de Azevedo
Erudito anotador das Saudades da Terra
Francisco de Andrade Justino António de Freitas
Filho ilustre
Francisco de Paula Medina e Vasconcelos
Filho ilustre
Jaime Moniz
Filho ilustre
José Ferreira Pestana
Filho ilustre
João António Monteiro
Filho ilustre
Marceliano Ribeiro de Mendonça
Filho ilustre
Nicolau Bettencourt Pita
Filho ilustre

Anos mencionados neste artigo

1890
Resolução da Câmara para dar nomes de filhos ilustres às ruas
1898
Sessão da Câmara Municipal para homenagear o Dr. Álvaro Rodrigues de Azevedo