História

Mosteiro Novo

É o edifício do actual Seminàrio Diocesano. (1921). Diz o anotador das Saudades que foi uma tentativa do padre Manuel Afonso Rocha e principiado por 1654, destinando-se a freiras, mas que nunca chegou a ser concluído. Em um antigo manuscrito encontrámos mais algumas detalhadas referências a esse projectado mosteiro, que vamos reproduzir. A 17 de Dezembro de 1638, o cónego Manuel Afonso Rocha, encontrando-se retido no leito por doença grave, chamou à sua presença um tabelião e solicitou também a comparência do prelado diocesano D. Jerónimo Fernando, declarando que tinha dado começo a um mosteiro, composto de casas, oficinas, igreja e coro, sob a invocação de S. José, destinado a religiosos ou religiosas, sob a cláusula da celebração de algumas missas e ofícios, mas que não o tendo ainda concluído, entregava o seu governo e administração à protecção do mesmo prelado e seus sucessores, pedindo-lhes somente o aplicassem ao dito fim ou a um recolhimento para damas ou mulheres de qualidade, e que se isso não fosse possível, se desse o mosteiro com sua igreja e casas a religiosos virtuosos mendicantes ou outros que ali fizessem mais serviço a Deus. O pedido e as condições formuladas pelo cónego Rocha foram aceitos, mas escasseando as rendas, nunca se deu ao edifício a aplicação que lhe destinara o seu instituído. Também julgamos que as obras projectadas não chegaram a ser concluídas, pois nos parece que nunca ali existiu uma igreja e seu coro, mas apenas uma pequena capela no interior da casa. Em 1647, autorizou o prelado diocesano que os sobrinhos do fundador, o cónego António Espranger Rocha, seu irmão o padre Inacio Espranger e umas irmãs destes habitassem no edifício, tendo depois da morte deles ocupado a casa um seu sobrinho, o cónego António Espranger, que faleceu em 1691. Alguns anos depois, por 1697, foi ali instalado o Seminário Diocesano, que até então funcionava junto do Paço Episcopal. O terramoto de 1748, deixou muito danificada a casa do Mosteiro Novo, que teve de ser abandonada, voltando a servir de Seminário, depois de convenientemente reparada, pelos anos de 1760. No ano de 1788, foi o Seminário Diocesano transferido para o colégio dos Jesuítas, e dali regressou novamente ao Mosteiro Novo em 1801, quando a Madeira foi ocupada pelas tropas inglesas. Ali permaneceu até o ano de 1909, em que foi instalado no amplo edifício levantado na cerca do convento da Incarnação. Foi suprimido o Seminário desta diocese pelo decreto de 20 de abril de 1911, mas continuou a funcionar, sem carácter oficial, desde aquele ano, na antiga casa da rua do Mosteiro Novo. (1921).

Anos mencionados neste artigo

1638
Início do Mosteiro Novo
1647
Autorização para habitação no edifício
1654
Principiado o Mosteiro Novo
1697
Instalação do Seminário Diocesano
1748
Terramoto danificou a casa do Mosteiro Novo
1760
Reparação da casa do Mosteiro Novo
1788
Transferência do Seminário Diocesano
1801
Regresso do Seminário Diocesano
1909
Instalação na cerca do convento da Incarnação
1911
Supressão do Seminário Diocesano