Moniz (D. João Henriques)
Nasceu nesta cidade no ultimo quartel do século XVIII e era próximo parente do dr. Lourenço José Moniz, dr. Patricio Moniz e conselheiro Jaime Moniz, dos quais nos ocupamos neste Elucidário. Formou-se em canones pela Universidade de Coimbra tendo-se ordenado de presbítero no primeiro quartel do século passado. Exercia nesta diocese as funções de promotor eclesiástico, quando foi envolvido na alçada que veio a esta ilha em 1828, sendo no ano seguinte enviado prêso para Lisboa e dali deportado em 1830 para o arquipélago de Cabo Verde. Residiu alguns anos na ilha Brava, onde desempenhou funções paroquiais e onde prestou relevantes serviços à instrução, com a fundação de duas escolas. Restabelecido o governo constitucional, não regressou à pátria, tendo sido em 1835 nomeado governador do bispado de Cabo Verde. Em 1841, foi apresentado bispo daquela diocese, mas somente em 1844 é que veio a Lisboa receber a sagração episcopal. Teve um bem curto episcopado, pois chegou a Cabo Verde em Fevereiro de 1847 e morreu a 1 de Julho do mesmo ano. Julgou-se então que as contrariedades e perseguições que sofreu mal desembarcou na ilha de São Tiago, o arrastaram sem demora à sepultura. 0 cabido que era composto de um cónego preto e outro mulato, não quis conferir-lhe a posse do bispado, e o Governador, pela falta da posse legal, não o reconheceu como prelado e negou-se a abonar-lhe os respectivos honorários. No meio destas lutas e amarguras, sucumbiu ao ataque duma febre perniciosa, sendo sepultado no cemitério da Praia, sem que lhe fossem prestadas as honras civis e eclesiásticas a que tinha direito a sua elevada jerarquia. Não faltou quem afirmasse que o prelado fora vitima dum assassinato causado por envenenamento, que então se atribuiu a um seu próximo parente. D. João Henriques Moniz tinha sido eleito senador substituto pela Madeira para a sessão legislativa de 1840 a 1842.