Literatura
A literatura madeirense seguiu as fases da literatura continental, embora poucos escritores deste arquipélago deixassem nome aureolado na historia literária do país.
É certo, porém, que logo no século do descobrimento apareceram alguns poetas de notável mérito, que figuram no Cancioneiro de Garcia de Resende, chegando Teofilo Braga no seu livro Poetas Palacianos, a considera-los como formando um grupo á parte, característico e distinto, a que deu o nome de Cyclo Poético da Ilha da Madeira, de cuja classificação discorda o anotador das Saudades da Terra. No entretanto, afirma o Dr. Alvaro de Azevedo que «nem por isso aquele muito notável grupo deixa de ser título bastante a que a ilha da Madeira tenha quinhão honroso na historia ante-classica da literatura nacional, quinhão que o Sr. Theophilo Braga lhe revindicou.» Os principais desses poetas que figuram no cancioneiro são Tristão Teixeira, 2.º donatario de Machico, conhecido pelo nome de Tristão das Damas, João Gomes, o Trovador, João Gonçalves da Câmara, 2.º donatario do Funchal, Rui de Sousa, João de Abreu, Manuel de Noronha, filho do 2.° capitão donatario João Gonçalves e Rui Gomes. Não temos conhecimento de nenhum prosador madeirense que tivesse vivido no século XV (Vid. Cancioneiro de Resende, 1-233).
Dos prosadores madeirenses do século XVI, faz Barbosa Machado, na Bibliotheca Lusitana, menção de Afonso da Ilha, Luís Gonçalves da Câmara, Damião das Chagas, Tristão Gomes de Castro, Manuel Alvares, Antonio da Gama e Sebastião de Morais (V. estes nomes). Deste período há a mencionar o poeta cego Baltasar Dias (V. este nome).
No século XVII, figuram como escritores Luís de Morais, Antonio da Visitação, João Pinto da Vitoria, Francisco de Santa Teresa, Antonio Veloso de Lira, Belchior de Teive, Gregorio Baptista, Remigio de Assunção, Manuel Constantino, Francisco de Castro e Daniel da Costa (V. todos estes nomes). Pertence a este período o poeta Manuel Tomás (V. este nome) que, embora não seja madeirense, escreveu o conhecido poema A Insulana, que exclusivamente se ocupa de cousas desta ilha.
No século XVIII, mencionaremos os escritores Nicolau Francisco Xavier da Silva, Manuel Rodrigues, Henrique Henriques de Noronha e Julião Fernandes da Silva (V. estes nomes). Neste período, distinguiram-se como poetas Troilo Vasconcelos da Cunha, Francisco de Vasconcelos Coutinho, Francisco Alvares de Nobrega e Francisco Manuel de Oliveira (V. estes nomes).
Na primeira metade do século XIX, devemos citar os nomes do Dr. Nicolau Caetano de Bettencourt Pita, padre João Crisóstomo Espinola de Macedo, João António Monteiro, Joaquim José Ferreira de Freitas, José Manuel da Veiga, Francisco Ferreira de Abreu, Justino Antonio de Freitas, Servulo Drumond de Meneses, José Anselmo Correia Henriques, Marceliano Ribeiro de Mendonça, António Gil Gomes, Manuel de Santana e Vasconcelos. Paulo Perestrelo da Câmara e Francisco de Andrade, como prosadores, e Manuel Caetano Pimenta de Aguiar e Francisco de Paula de Medina e Vasconcelos, como poetas (V. estes nomes).
Citamos como escritores madeirenses do terceiro quartel do século passado José Antonio Monteiro Teixeira, viscondessa das Nogueiras, Luis da Câmara Leme, Antonio Correia Heredia, Patrício Moniz, José Vicente Barbosa du Bocage, Agostinho de Ornelas, Luis da Costa Pereira, Januario Justiniano de Nobrega, João Augusto de Ornelas, João de Nobrega Soares, conego Alfredo César de Oliveira, visconde das Nogueiras e Maximiliano Eugenio de Azevedo.
Do último quartel do século XIX, mencionaremos como autores madeirenses os nomes de Luís de Ornelas Pinto Coelho, João Baptista de Freitas Leal, Alexandre José Sarsfield, D. Joana Castelo Branco, Padre José Gonçalves de Aguiar, Padre Manuel Fernandes de Santana, Ciríaco de Brito e Nobrega, Carlos Azevedo de Meneses, Antonio Feliciano Rodrigues e Francisco Antonio Ferreira.