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Lemos (D. Jorge de)

Antes do estabelecimento da diocese, esteve em 1508 nesta ilha o bispo D. João Lobo (V. este nome), e depois da criação do bispado vieram à Madeira os prelados D. Duarte, no ano de 1516, e D. Ambrosio em 1538 (V. estes nomes), que aqui exerceram as funções episcopais em vez dos respectivos bispos proprietários D. Diogo Pinheiro e D. Martinho de Portugal, que nunca visitaram as terras da sua Jurisdição, bem como o terceiro bispo D. Fr. Gaspar do Casal. Foi o quarto prelado D. Fr. Jorge de Lemos o primeiro que pessoalmente assumiu a direcção episcopal deste bispado, que administrou no período decorrido de 1558 a 1569, tendo porém, residido apenas cinco anos nesta ilha. Pertencia a nobres famílias e era filho de Francisco Velho e de D. Brites de Lemos. Professou no convento de São Domingos, de Lisboa, e, entre os cargos que exerceu na sua ordem, conta-se o de professor de teologia. Sendo já adiantado em anos, foi confirmado bispo do Funchal a 9 de Março de 1556 pelo papa Paulo IV, tendo tomado posse do cargo no ano de 1558. Cinco anos depois, aumentou-se para o reino e em 1569 renunciou à mitra. Morreu passado pouco tempo e foi sepultado na igreja do convento onde professara. Sendo o primeiro prelado diocesano que viera a este bispado, foi recebido com especiais demonstrações de consideração e estima pelo clero e por todo o povo desta ilha. Havia mais de 130 anos que começara a colonização, e, apesar das faculdades especiais de que gozava o delegado do vigário de Tomar e ainda de já existir no Funchal uma comunidade religiosa franciscana de austera observância, é certo que alguns abusos se introduziram na doutrina eclesiástica e no cumprimento das diversas leis canónicas. Tendo o prelado que corrigir esses abusos e de reformar antigos e inveterados costumes, incorreu naturalmente no desagrado de muitos, donde resultaram graves dificuldades e atritos, que soube no entretanto aplanar com o seu espírito de justiça e com a irrepreensível conduta do seu proceder. «Foi, diz D. António Caetano de Sousa, de condição áspera, que temperou sempre com a prudência; no trato magnífico e grande premiador dos beneméritos». Mereceu-lhe especiais atenções o serviço da Sé Catedral, solicitando e conseguindo que se criassem alguns lugares novos, como o de sub-chantre, mestre de capela e moços do coro, o aumento dos vencimentos dos cónegos e dignidades, a reforma da música e a criação dos curatos, desligando assim o deão do encargo do serviço paroquial. No seu tempo se dividiu em duas paróquias a única freguesia que havia no Funchal, que ficaram tendo suas sedes na Sé Catedral e em Santa Maria Maior. Pouco depois impetrou a criação da freguesia de São Pedro, que não teve larga existência, pois foi extinta em 1579, sendo novamente restaurada no ano de 1587. Empregou diligências para a criação do Seminário Diocesano, que somente alguns anos mais tarde foi estabelecido nesta cidade (Seminário). Em 1563, saiu D. Jorge de Lemos para o reino, onde exerceu o cargo de esmoler-mor do rei D. Sebastião. A 15 de Novembro de 1569, aceitou o papa a renuncia que D. Jorge fez deste bispado e nomeou para o substituir D. Fernando de Távora, religioso da Ordem dos Pregadores.

Pessoas mencionadas neste artigo

D. Ambrosio
Prelado
D. António Caetano de Sousa
Autor
D. Diogo Pinheiro
Bispo proprietário
D. Duarte
Prelado
D. Fernando de Távora
Religioso
D. Fr. Gaspar do Casal
Bispo
D. João Lobo
Bispo
D. Martinho de Portugal
Bispo proprietário
D. Sebastião
Rei

Localizações mencionadas neste artigo

Funchal
Capital da Ilha da Madeira