Koebel (W. H.)
(W. H.) E. Madeira old and new ; Londres, 1909.
A pág. 5 desta obra se lê o seguinte: convém advertir que as notas à obra de Frutuoso publicadas em 1873 por Álvaro Rodrigues de Azevedo, são imensamente úteis a todos quantos desejem estudar aquele velho manuscrito. O Dr. Azevedo foi advogado na Madeira, um estudioso e um livre pensador, tendo esta ultima circunstancia dado motivo a que caísse no desagrado do clero local. Os membros mais intransigentes desta classe iniciaram uma campanha contra o seu modo de vida, prometendo-lhe depois da morte um funeral de cão (a dog's funeral). Morto ele, porém, teve o clero a mais amarga das desilusões. Por documentos deixados pelo Dr. Azevedo, viu-se que este obtivera uma bula papal que lhe garantia o maior número de cerimónias fúnebres que estava no poder da Igreja conceder. Teve, portanto, todas essas cerimónias, mas o clero que nelas tomou parte nada ganhou pelos seus serviços, visto tudo haver sido pago antecipadamente em Roma. Será possível conceber-se uma mais viva manifestação de ironia póstuma?»
Não passa de uma simples patranha o que refere o Sr. Koebel com respeito à bula papal obtida pelo Dr. Azevedo. Este distinto professor teve por sua morte as cerimónias fúnebres que costumam ser concedidas a todos os católicos, e nada há que estranhar nisso, visto ele se haver reconciliado com a igreja nos últimos 10 ou 15 anos que teve de vida. O Dr. Azevedo foi sempre um homem grave e sério, e incapaz, portanto, de preparar a tal "manifestação de ironia póstuma», que o Sr. Koebel lhe quis atribuir. Não gozaram do menor crédito as afirmações deste súbdito britanico.