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Jardim Municipal

Em 21 de Fevereiro de 1878 nomeou a Câmara Municipal do Funchal uma comissão de vereadores, encarregada de promover sob a superintendência do Governador Civil, o estabelecimento de jardins na cerca do extinto convento de S. Francisco e no terreno entre a mesma cerca e a Praça da Constituição. O terreno a oeste da Praça da Constituição foi ajardinado pouco tempo depois, mas os trabalhos na cerca de S. Francisco só se iniciaram em Agosto de 1880, tendo o projecto e planta do jardim que ali existe sido aprovados pela Câmara em 15 de Setembro de 1881. Para custear as despesas exigidas por esses trabalhos, destinou a Câmara primeiramente a importância de 15 contos, desviada do empréstimo de 69.980$000 réis, contraído em 1883 com a Companhia Geral do Credito Predial, e depois a importância de 19 980$000 réis, proveniente de outro empréstimo contraído no ano imediato com a mesma companhia.

Em Outubro de 1880, quando se procedia aos primeiros trabalhos no terreno do extinto convento de S. Francisco, achou-se ali, seguido diz um documento da época, «uma pedra, servindo de tampa a um pequeno vão talhado em outra pedra, no qual foram encontrados uns restos que pareciam de pergaminho apodrecido». A pedra ou tampa foi mandada recolher no Arquivo Municipal, onde todavia se não encontra, e apresentava a seguinte inscrição, em letras douradas:

D. Ma. Iª. Rainha de P. Pio VI, P. M. Fr. Bernardo N. E. P. D. U. S. C. “ Julho 1780 “.

Em 1 de Outubro de 1885 deu a Câmara ao novo Jardim o nome de Jardim Municipal, mas em 6 de Setembro de 1897 foi esse nome substituído pelo de Jardim D. Amélia, o qual se conservou até, 27 de Outubro de 1910, em que foi resolvido restabelecer a denominação dada em 1885 ao mesmo recinto. Em 21 de Março de 1902 inaugurou-se ali a iluminação eléctrica, e em 1916 foi a mesma iluminação melhorada, visto já em 1911 se ter reconhecido que os fios transmissores da energia se achavam em mau estado.

Em 28 de Março de 1921, pelas 5 horas da tarde, foi celebrada perante enorme assistência a cerimónia do lançamento da primeira pedra do monumento que o Sr. Henrique Vieira de Castro vai fazer erigir no Jardim Municipal, em homenagem aos aviadores que primeiro realizaram o raid Lisboa-Madeira, sendo a acta, depois de assinada pelas autoridades que assistiram á cerimónia, encerrada, juntamente com algumas moedas, num cofre de ferro, que o Governador Civil colocou nos alicerces da obra (1921).

As primeiras plantas introduzidas no Jardim Municipal vieram de Paris, tendo chegado depois outras do Porto e de mais algumas procedências. Entre as espécies que vegetam ali actualmente, são dignas de menção especial a Pritchardia filifera, a Phoenix canariensis e o Trachycarpus excelsus, palmeiras muito ornamentais, a Dammara australis e a Ginkgo biloba, coniferas de fôlhas largas, e a Wigandia macrophylla, a Astrapaea Wallichii, a Jossinia tinifolia, a Plumiera lutea, a Pterocarya japonica, o Negundo fraxinifolium e a Alsophila excelsa. Em 29 de Agosto de 1888 resolveu a Camara comprar vinte e nove vidraças para o estabelecimento de uma estufa que ainda hoje existe no Jardim Municipal e onde vegetam algumas especies curiosas, principalmente begónias e avencas. O terreno e edificio do convento de S. Francisco, onde está o Jardim Municipal, foram cedidos à Camara por decreto de 7 de Novembro de 1844.

Anos mencionados neste artigo

1878
Nomeou a Câmara Municipal do Funchal uma comissão de vereadores
1880
Os trabalhos na cerca de S. Francisco só se iniciaram
1881
Projecto e planta do jardim que ali existe foi aprovado pela Câmara
1883
Empréstimo de 69.980$000 réis
1885
Deu a Câmara ao novo Jardim o nome de Jardim Municipal
1897
Esse nome substituído pelo de Jardim D. Amélia
1902
Inaugurou-se ali a iluminação eléctrica
1910
Foi resolvido restabelecer a denominação dada em 1885 ao mesmo recinto
1911
Reconhecido que os fios transmissores da energia se achavam em mau estado
1916
A mesma iluminação melhorada
1921
Celebrada perante enorme assistência a cerimónia do lançamento da primeira pedra do monumento