Ilhéu
É entre nós conhecido por este nome o ilhéu que fica situado no extremo e a oeste do porto do Funchal e que hoje (1921) constitui um dos limites do molhe ou porto de abrigo da Pontinha. Nele se achava a pequena fortaleza de Nossa Senhora da Conceição do ilhéu, um farol de luz vermelha, ele indicava a entrada do porto, e um posto semafórico. Tem sido reproduzido pela gravura em inúmeras obras nacionais e estrangeiras, em muitas revistas, em bilhetes postais, etc., e também figura frequentemente como composição nos embutidos madeirenses, em caixas de costura e outros produtos de marcenaria local. Referindo-se á primeira exploração através da costa marítima, feita pelos descobridores, diz Gaspar Frutuoso: «no cabo do qual (o vale do Funchal) estão dous ilhéus, onde se foram abrigar por ser já tarde». Os dois ilhéus eram o que actualmente se chama Ilhéu embora hoje ligado á terra por meio do molhe, e o que deixou de ter esse nome quando se construiu o pequeno forte de S. João da Pontinha, nos fins do século XVIII, e que desde então ficou também em ligação com a terra. Quem conhece o local, sabe que os dois pequenos ilhéus se encontravam a curta distancia um do outro. Francisco Manuel de Melo nas suas Epanaphoras de Varia Historia Portuguesa, em que se ocupa da suposta historia de Machim, faz umas erróneas referências a estes ilhéus, ás quais o ilustre anotador das Saudades contrapõe as seguintes palavras: «Corre parelhas com esta a não menor ficção, no seu tanto, de que Zargo «tomou água e lenha» nos dois ilhéus, que, no dizer pittoresco de Melo, são os guardaventos do porto do Funchal. Desses dois ilhéus, o mais ao mar, é ainda agora insulado nas águas como dantes (era em 1873), pelo qual conserva o nome Ilheo; o outro desde muitos tempos ligado ao litoral da ilha por fortes paredões, tem, por isso, a denominação de Pontinha: ambos são escalvados penhascos, açoitados e varridos pelas vagas nas levadias e tempestades do quadrante do sul, infelizmente não raras nesta paragem; ambos, por isso, só teem a vegetação do limo e musgo marítimos; ambos são sem nascente alguma de água potável; ambos, inabaláveis testemunhas a deporem com a sua eterna nudez contra a afirmativa de terem eles dado água e lenha a Zargo e seus companheiros. Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição do Ilhéu foi construída por meados do século XVII (V. Fortificações) e a respectiva capela foi mandada edificar por alvará régio de 9 de Novembro de 1682, tendo seu capelão privativo. V. Nossa Senhora da Conceição do Ilhéu (Capela de). O farolim do ilhéu começou a funcionar a 18 de Maio de 1866 (V. Faróis). Em 1890 ficou o ilhéu definitivamente ligado ao litoral por meio de um quebra-mar que une aqueles dois pontos e que constitui a parte mais considerável do molhe da Pontinha.