Fontes de João Diniz
A mais antiga referência que temos encontrado ás fontes de João Diniz é a que se lê num documento tombado no tomo 3.° do arquivo da Câmara Municipal do Funchal e publicado nas Saudades da Terra, que tem o título de Apontamentos & Regimento que se ha de ter nas obras de forteficaçâo que ellRey nosso senhor mâdou fazer na cidade do Funchal. Diz assim: «E que das fontes da fortalleza se recolha a parte que bem parecer da aguoa dellas em hum chafaris que se faraa no terreiro de fora da fortalleza como sua alteza tinha mãdado por Pero da Sylva & do resto da dita aguoa se faram duas biquas ou as que bem pareçer para os navios fazerem aguoada as quoaes biquas se poram ao longuo do calhao ». O documento refere-se ao saque dos corsários franceses, que foi no ano de 1566, e pareceres pouco posterior a esta época. O nome que estas fontes conservam de João Diniz deve provir do seu primitivo proprietário ou de algum indivíduo que tivesse feito a exploração delas. Já em 1590 lhes dava Gaspar Frutuoso este nome. O Dr. F. A. Barral enaltece as boas qualidades da água destas fontes e dedica-lhes algumas paginas do seu livro Noticia sobre o Clima do Funchal (pag. 139 a 141). Em sessão de 7 de Abril de 1784 resolveu a Câmara Municipal «fazer uma defesa ou uma muralha em condições de evitar que o mar em tempos invernosos continuasse a entulhar as fontes da cidade», sendo essa obra orçada em 1 082$500 réis, e em 1841 foi construído o actual chafariz, desaparecendo por essa ocasião as canhoneiras da bataria que ficava para o lado do mar, na fortaleza de S. Lourenço. Em Março de 1896 foram as águas das fontes de João Diniz declaradas suspeitas pelo administrador do concelho! Guilherme Teles de Meneses, o que não obstou a que o publico continuasse a abastecer-se delas com tanta confiança como dantes. Realizaram-se no entretanto por essa ocasião algumas obras nas canalizações do palácio de S. Lourenço a fim de evitar possíveis infiltrações susceptíveis de alterar a pureza das mesmas águas. Com as grandes obras de reparação realizadas no Palácio de São Lourenço, desapareceram as tão conhecidas Fontes de João Diniz no mês de Novembro de 1939.