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Feiras. E

M 19 de Julho de 1839 resolveu a Câmara Municipal do Funchal estabelecer uma feira anual e outra semanal na cidade, sendo esta deliberação aprovada pela Junta, que deixou a cargo da mesma Câmara a escolha do local para a instalação da feira.

A pesar dos bons desejos manifestados pela Camara, a sua deliberação não foi executada, e só mais tarde, em 29 e 30 de Junho de 1850, é que, por iniciativa do benemérito conselheiro José Silvestre Ribeiro, pôde ser estabelecida uma feira no Funchal, «com o fim de promover o Comercio e de estreitar as relações entre as diferentes povoações da ilha».

Foi na Praça Académica que se estabeleceu a feira, que nos dois referidos dias foi visitada por não menos de quinze mil pessoas, que deixaram ali uma soma avultada de dinheiro.

«As barracas da feira, lê-se num oficio dirigido pelo conselheiro J. Silvestre Ribeiro ao Ministro do Reino, estavam dispostas com a melhor ordem, e como a Praça he muito vasta, ficaram algumas das suas extensas ruas desembaraçadas para o transito da imensa multidão. No meio da Praça ergueo-se um grande tablado, e junto dele um coreto para a banda de musica do batalhão de Caçadores n.° 6. Por volta da tarde do dia 29, subiram ao tablado treze camponezes da freguezia de S. Martinho, vestidos com trajes peculiares do paiz, e dansaram primorosamente uma dansa particular da Madeira, conhecida pela denominação de «A la moda». Seguio-se áquella dansa outra de mascaras, que sobresahio pelos ricos trajos antigos de que os figurantes vinham vestidos. A banda de musica do batalhão 6 de Caçadores, que o digno commandante daquelle corpo obsequiosamente me concedeu, entreteve os espectadores até alta noite, em ambos os dias, tocando lindissimas peças».

Outras feiras houve mais tarde na Praça Académica, depois do conselheiro José Silvestre Ribeiro deixar esta ilha, mas nenhuma delas apresentou o brilho nem a extraordinária animação da que se realizou em 29 e 30 de Junho de 1850, por iniciativa daquele ilustre governador civil.

Em sessão da Câmara Municipal do Funchal de 3 de Fevereiro de 1768 foi mandada executar uma provisão pela qual o Monarca, a pedido da mesma Câmara, permitira que houvesse no Terreiro da Sé uma feira publica ás têrças-feiras, mas se tal feira chegou a realizar-se, não teve longa duração, nem deu os resultados que era licito esperar dela.

No largo do Comercio ou do Chafariz reúnem-se ás quartas e sábados os vendedores de botas chãs para exercerem aí o seu comercio, e aos sábados acodem os negociantes de gado bovino ao Campo da Barca ou de Miguel Bombarda, e os negociantes de varas á Praça dos Lavradores, efectuando-se aí muitas transacções. A venda de gado suíno realiza-se ás sextas-feiras, junto do antigo armazém do petróleo.

Pessoas mencionadas neste artigo

José Silvestre Ribeiro
Benemérito conselheiro

Anos mencionados neste artigo

1839
Estabelecimento de feira anual e semanal na cidade
1850
Estabelecimento de feira no Funchal