Ex-Libris
A interessante Revista dos Ex-libris portugueses, que se publica em Lisboa debaixo da direcção do conde de Castro e Solla, tem reproduzido vários ex-libris, que foram usados por bibliófilos madeirenses e estrangeiros que residiram na Madeira, havendo até ao presente dado copia dos seguintes: no 1.- volume, sob o n.º XVI, os que usou Fernando José Correia Henriques de Noronha, 1.º visconde de Torre Bela; sob o n.º XXII, o de Roberto Page; sob o n.º XXIV, o de Benjamim de Oliveira; sob o n.º XL, o do capitão de mar e guerra Jaime Pereira de Sampaio Forjaz de Serpa Pimentel; sob o n.º XLIV, o do morgado João José de Bettencourt e Freitas; no volume 2.- sob o n. LVII, o do morgado João Agostinho Figueiroa de Albuquerque e Freitas; sob o n.º LIX, o de Thomas Murdoch; sob os nºs LXII e LXIII, os de Robert e Mary Blackburn; sob o n.º LXXX, o de Leland C. Cossart; sob o n.º XC, o de Thomas Harris; sob o n.º XCI, o de William Penfold; sob o n.º XCVIII, o de Joseph Pringle: no 3.º volume, sob o n.º CXX, o de Charles Murray; sob o n.º CXXV, o de Thomas Robinson; sob o n.º CXXXIII, o de Robert Bayman; e no volume 4º, a pag. 15, o de Russel Manners Gordon, 3.º visconde e 1.º conde de Torre Bela. S.
Das muitas expedições cientificas que têm vindo á Madeira, quer para obter refrescos para as suas viagens, quer para realizar alguns estudos nesta ilha, as mais importantes e conhecidas são as que a seguir vão assinaladas:
Bory veio á Madeira neste ano, a bordo do Cometa, tendo feito aqui algumas observações sôbre a variação da agulha.
Neste ano, a 13 de Julho, chegaram ao porto do Funchal os navios Delphim e Tamar, conduzindo a expedição dirigida pelo comodoro João Byron, que se propunha descobrir novas terras entre o Cabo da Boa Esperança e o Estreito de Magalhãis. A expedição limitou-se a tomar alguns refrescos.
A 7 de Setembro ancoraram no porto do Funchal o Delphim, a Swallow e o Príncipe Frederico, conduzindo a expedição comandada pelo capitão Samuel Wallis e de que fazia parte, como oficial, Filipe Carteret, companheiro de Byron. A expedição limitou-se a substituir aqui as provisões já consumidas.
Foi neste ano a 13 de Setembro, que chegou á Madeira a expedição cientifica comandada pelo celebre navegador ingles James Cook, que ia observar na ilha de Taiti a passagem de Venus pelo disco do Sol. Faziam parte desta expedição os naturalistas José Bancks e Dr. Solander, e o astrónomo Carlos Green, tendo os dois primeiros feito vários estudos científicos nesta ilha. O Endeavour, que conduzia a expedição, saiu do porto do Funchal a 19 de Setembro.
Na segunda viagem que o capitão Cook realizou nos mares do sul, passou pela Madeira a 19 de Julho deste ano, a bordo da Resoluçâo, tendo os naturalistas João Reinhold Forster e seu filho João Jorge, que faziam parte da expedição, realizado aqui algumas observações botânicas.
A expedição cientifica comandada por João Francisco Galaup de La Pérouse chegou ao Funchal a bordo da Bussola e do Astrolabio a 13 de Agosto deste ano, saindo três dias depois para Canárias. Faziam parte desta expedição o engenheiro Monneron, o geografo Bernizet, o cirurgião Rollin, o astrónomo Lepaute-Dagelet, o físico Lamonon, o botânico Collignon e o ilustre Monge, não tendo tido este ultimo o fim desgraçado dos seus companheiros de viagem, por haver desembarcado em Tenerife, a 29 de Agosto de 1785.
O ilustre orientalista João Barrow visitou a Madeira neste ano, na sua viagem para a Cochinchina.
A expedição cientifica inglesa, do comando do capitão J. K. Tuckey, esteve á vista da Madeira no dia 31 de Março deste ano, tendo encontrado, dormindo sôbre as águas, grande numero de tartarugas (Testudo caretta).
Neste ano, a 16 de Setembro, chegou ao Funchal uma pequena esquadra americana, composta do Purpoise, das balandras Vincennes e Peacock, e das escunas Sea-Gull e Flying-Fish, comandada pelo tenente Carlos Wilkes. Os sábios que vinham nestes navios, mediram a altura do Pico Ruivo e fizeram aqui algumas observações geológicas, tendo saído da Madeira a 25 de Setembro.
Os navios inglêses Erebus e Terror, debaixo do comando de James Clark Ross e Francisco Roland Crozier, visitaram a Madeira em Outubro deste ano, tendo os seus oficiais medido a altura do Pico Ruivo e feito observações magnéticas em Cabo Verde, Santa Helena e Cabo da Boa Esperança, antes de se dirigirem para as regiões antárcticas e outros países que exploraram.
Em Junho deste ano esteve na Madeira a fragata austríaca Novara, comandada pelo comodoro Wullerstorf-Urbair, que fez uma viagem á roda do mundo. Os sábios da expedição mediram a altura do Pico Ruivo e receberam muitas informações do medico Dr. Antonio da Luz Pita, do engenheiro militar major Antonio Pedro de Azevedo, do botânico João Maria Moniz e do cônsul austríaco Carlos Bianchi.
Esteve neste ano nos mares da Madeira, a bordo do Talisman, uma expedição cientifica francesa, dirigida por Alphonse Milne Edwards, encarregada de proceder a estudos oceanograficos no Atlântico. Segundo Milne Edwards, existe neste mar uma imensa cadeia vulcanica paralela á costa de Africa, de que é possível que as ilhas de Cabo Verde, Canárias, Madeira e Açores sejam os únicos pontos não cobertos agora pelas águas. (V. Atlantida).
A 12 de Setembro deste ano chegou ao porto do Funchal, procedente de Ostende, a barca Belgica, que conduzia a expedição cientifica belga que, sob o comando do capitão-tenente Adrien Gerlache, se dirigia para as regiões antárcticas. Estiveram no Curral das Freiras os membros da expedição, entre os quais se contavam o tenente Danco, encarregado das observações magnéticas, o Dr. Artoski, encarregado da meteorologia e oceanografia e o Dr. Racsvitze, incumbido da botanica e zoologia.
Nos dias 15 e 16 de Agosto deste ano esteve fundeado no porto do Funchal o vapor inglês Discovery, que se destinava a uma viagem de exploração nas regiões antárcticas, sob a direcção de Roberto Scott. Como é sabido, este navegador foi coadjuvado por Wilson e Shackleton nalguns estudos e investigações a que procedeu naquelas paragens.
Neste mesmo ano, a 30 de Agosto, passou á vista do Porto Santo, a bordo do vapor Gauss, a expedição antárctica alemã, dirigida pelo Dr. Erich von Drygalski. No relatório desta expedição, publicado em parte no Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, lê-se “que a 31 de Agosto, quando vagarosamente se ia occultando a Madeira, elevava-se um explendido fogo de vistas sobre o Funchal; e nós suppozemos que fosse em honra do navio inglez Discovery da expedição ao Polo Sul, que alli tinha tocado nesse dia“. Achamos curiosa, esta suposição, tanto mais, que a Discovery, como ficou dito, não esteve aqui a 1 de Agosto, mas na data que atrás ficou mencionada.
No mês de Julho deste ano esteve no porto do Funchal o navio Morning, do comando do capitão Colbeck. Este navio, em que ia o Dr. Wilson, dirigia-se para as regiões antárcticas, a fim de prestar auxilio á Discovery, do comando de Roberto F. Scott.
A 10 de Setembro deste ano chegou ao porto do Funchal, procedente de Brest, o vapor Le Français, trazendo a seu bordo o celebre navegador francês João Charcot que, como os precedentes, se propunha explorar as regiões antárcticas. João Charcot demorou-se naquelas regiões até 1905, tendo o resultado dos trabalhos de historia natural a que procederam os membros da expedição sido publicado por especialistas, sob a direcção de L. Joubin.
Neste ano, a 12 de Setembro, passou pela segunda vez na Madeira o explorador João Charcot, que se dirigia para as regiões antárcticas, a bordo do Pourquoi Pas.
A 23 de Junho de 1910 ancorou no porto do Funchal o navio Terra Nova, que conduzia a segunda expedição que ia explorar as regiões antárcticas, sob a direcção de Roberto Scott. Este explorador, que estivera anos antes na Madeira, não vinha a bordo do Terra Nova, no qual só embarcou mais tarde. O Terra Nova, que estava provido dos melhores aparelhos e petrechos exigidos para as navegações polares, deixou o porto do Funchal a 26 de Junho.
Neste mesmo ano, a 6 de Setembro, ancorou no porto do Funchal o navio norueguês Fram, a fim de receber diversos artigos trazidos pelo vapor alemão Hans Hoermann. O Fram, que se dirigia para as regiões antárcticas, sob a direcção do capitão Amundsen, deixou o nosso porto a 10 do referido mês.
1914 Neste ano, a 27 de Junho, chegou ao porto do Funchal a chalupa Armaner-Hansen, em que o ilustre sábio norueguês F. Nansen fez sondagens e diversos estudos oceanograficos no Atlântico. O pequeno navio deixou a Madeira a 28 de Junho, com destino aos Açores.
Neste mesmo ano esteve na Madeira o navio explorador inglês Endurance, sob o comando do capitão Worsley, o qual se destinava ao Pólo Sul, devendo tomar em Buenos Aires o conhecido homem de ciência Ernesto Shackleton. O Endurance, que chegou a 21 de Agosto e saiu a 25, esteve no dia 24 nas Desertas, onde os sábios da expedição e o naturalista madeirense Sr. Adolfo César de Noronha fizeram diversas investigações cientificas.
A 6 de Abril deste ano entrou no porto do Funchal o iate dinamarquês Dana, a fim de receber o Dr. Johannes Schmidt, muito conhecido pelos seus estudos biologicos e ictiologicos, que chegara no dia anterior á Madeira, no Almanzora. 0 Dana partiu no dia 7 para Tenerife, levando os aparelhos e petrechos necessários para a exploração cientifica do Oceano.
A 16 de Outubro deste ano chegaram ao porto do Funchal os iates Dans e Quest, este conduzindo a nova expedição inglesa, dirigida por Shackleton, que se destinava ao Pólo Antárctico, e aquele levando a seu bordo o Dr. Johannes Schmidt, director do “Laboratorio Carlesberg“, de Copenhague, que pretendia estudar a biologia e a física do Oceano, ao norte do Equador.
O pessoal cientifico do Dana fez explorações oceanográficas ao norte do Porto Santo no dia 15, e visitou a Deserta Grande no dia 18, e o do Quest efectuou observações termometricas no mar ao sul do Funchal, na profundidade de cerca de 1500 metros, correspondente ao habitat do nosso peixe espada preta.
0 Dana saiu do nosso porto no dia 18 á noite, e o Quest no dia 19, pela 1 hora e meia da tarde.
Os sábios da expedição dinamarquesa foram acompanhados na sua viagem á Deserta pelo naturalista madeirense Adolfo de Noronha, tendo sido a pedido deste nosso conterrâneo que o pesssoal do Quest fez as observações termometricas a que já nos referimos.
Neste ano, a 6 de Junho, esteve no Funchal o navio norueguês Harmaner Hansen, que conduzia uma expedição cientifica organizada pela Universidade de Bergen e de que faziam parte os professores H. Hansen e Damas. A expedição destinava-se a estudos oceanograficos.
A 17 de Maio deste ano chegou ao Funchal o pequeno vapor francês La Tanche, do serviço cientifico o técnico das pescarias, onde vinha o cientista Gerard Belloc, do museu Lafaille, na Rochela, que se propunha fazer investigações sôbre o atum e a sua pesca. Demorou-se aqui alguns dias.
Em fins de Fevereiro de 1924 chegou ao Funchal o zoólogo inglês James Hornell, antigo director do serviço das pescarias de Madrasta, na Índia, que fez vários estudos etnográficos. Deixou a Madeira a 1 de Maio, do navio St. George, que conduzia uma expedição cientifica que se dirigiu daqui para a Trindade e Panamá.