Cunha (Troilo de Vasconcelos da)
É hoje um nome inteiramente desconhecido entre nós, mas que na sua epoca granjeou notavel nomeada como poeta e escritor. Os que se dedicam a estudos mais aprofundados da nossa historia literaria conhecem as paginas que lhe consagram Barbosa Machado na Bibliotheca Lusitana e Costa e Silva no Ensaio Critico dos Poetas Portugueses. Nasceu no Funchal em 1654, ao tempo em que seu pai Bartolomeu de Vasconcelos exercia o cargo de governador e capitão-general deste arquipelago. Dedicou-se ao estudo profundo das humanidades, revelando em especial o seu vasto saber no conhecimento das linguas, sobretudo do grego e do latim. Consagrou-se também ao estudo de varias questões teologicas, que quis versar nas suas composições poeticas, especialmente na obra intitulada O Espelho do Invisivel, em que revela grandes qualidades de poeta, mas cujo assunto, improprio de ser tratado em verso, tornou esse poema de dificil compreensão e despido das galas que devem adornar as composições desta natureza, a pesar, como diz Inocencio, da pureza do estilo e de não estar muito eivado dos defeitos da escola gongorica, que então dominava na nossa literatura.
Trasladou para vernaculo o poema latino de Justino, com o titulo de Justino Lusitano, e deixou muitas composições ineditas em prosa e verso.
Exerceu cargos muito importantes, como o de secretario da Junta dos Tres Estados, e ainda outros. Faleceu em Lisboa a 4 de Agôsto de 1729.