Costa do Norte
A costa setentrional da Madeira, geralmente conhecida pelo nome de Costa do Norte, estende-se desde a Ponta do Tristão, a entestar com a região oeste da ilha, até o extremo da vertente norte da Ponta de São Lourenço que se prolonga pelo lado de leste. Algures se diz, e com tôda a propriedade, que é uma costa alpestre e penhascosa, figurando uma linha de altos penedos, semelhantes a uma enorme muralha de rocha com a base açoutada pelas ondas e o cimo coroado com a luxuriante verdura duma floresta nativa, pela raridade das praias e enseadas, e pela violencia dos ventos dos quadrantes do norte que ali sopram a maior parte do ano, é de todo inóspita para os navios e pouco segura para os barcos, tendo apenas dois portos de refugio contra o tempo, o do Pôrto da Cruz e o do Pôrto do Moniz, situados aproximadamente nos extremos leste e oeste da mesma costa. Abrange esta as freguesias dos concelhos do Pôrto do Moniz, São Vicente e Santana, e ainda a paroquia do Pôrto da Cruz e o litoral norte da paroquia do Caniçal, que pertencem ao concelho de Machico.
O perimetro do litoral da Costa do Norte é descrito por Luiz da Silva Mousinho de Albuquerque nos seguintes termos: “A partir da Ponta do Pargo para o N. começa a Costa por correr primeiro na direcção de N. E. até a Ponta do Tristão, onde principia a Costa Setentrional da Ilha, dirigindo-se proximamente a E. S. E. até São Vicente, e de ali tomando a direcção E. N. E. até a Ponta de São Jorge, donde volta á direcção geral de S. E. até o Pôrto da Cruz, quasi na origem setentrional da Ponta de São Lourenço, a qual termina a ilha na sua extremidade oriental, estendendo-se para o mar com mui pequena largura por espaço de três milhas proximamente, e na direcção de 0. e E.. Em quasi tôda a extensão deste litoral, o mar é profundo e limpo de escolhos, exceptuando-se somente: 1º. Ba parte reintrante desta costa, onde há algumas baixas e rochedos ilhados, entre os quais sobressaiem o Ilhéu da Ribeira da Janela e o Ilhéu e baixa do Pôrto do Moniz; 2º.-a Ponta do Pargo, onde se estende ao mar um baixio, sôbre o qual a vaga rebenta com ventos mediocres, obrigando os barcos a afastar-se consideravelmente da terra para dobrá-la”.